Candidatos à sucessão de Janot na PGR defendem Lava-Jato

Thiago Herdy 

30/05/2017

 

 

Restrição orçamentária e atuação em outras áreas são desafios

-SÃO PAULO- O debate entre candidatos a procurador-geral da República na sucessão a Rodrigo Janot — prevista para setembro — foi marcado, ontem, por discurso unânime em defesa da Lava-Jato: candidatos enfatizaram a importância de manter a força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) nos estados onde atua e ampliar o efetivo. A necessidade de atuar com o mesmo vigor em outras áreas e de enfrentar as restrições orçamentárias também foi abordada.

No fim de junho, a Associação Nacional dos Procuradores da República promove uma eleição interna, e os três mais votados integrarão lista tríplice a ser encaminhada à Presidência, a quem caberá indicar o sucessor de Janot.

— Garantirei a continuidade da força-tarefa da Lava-Jato e reforçarei o grupo que atua na PGR em casos de foro privilegiado — disse Mario Bonsaglia.

— A corrupção desvia dinheiro de serviços essenciais. Eleva o “custo Brasil” e aumenta o fosso da desigualdade — completou Raquel Dodge, que disputa pela segunda vez.

Nicolao Dino defendeu a necessidade de diálogo “dentro e fora da instituição”:

— Não somos uma instituição monotemática — disse Dino, defendendo a atuação no “enfrentamento de corrupção, promoção de direitos de cidadania e redução de desigualdades”.

Sandra Coureau destacou a dificuldade de ampliação do MPF em meio à redução do orçamento do órgão.

— Com tantas limitações, será preciso descobrir como agir no que diz respeito a servidores, remuneração de carreira e construção de sedes — opinou.

Carlos Frederico Santos criticou a conduta em relação à colaboração da Odebrecht.

— Não lotaria o STF com 70 processos de caixa dois sem verificar a que crime cada processo se refere — cutucou.

Eitel Santiago disse que a LavaJato não pode prejudicar o trabalho do MPF em outras áreas.

Já Ela Wiecko enviou vídeo em que defendeu o compromisso de “cumprir a Constituição”.

 

O globo, n. 30612, 30/05/2017. País, p. 5