Com fim do embargo em alguns países, empresas começam a exportar novamente

Roberta Scrivano

João Sorima Neto

Ana Paula Ribeiro

28/03/2017

 

 

Na sexta-feira, havia R$ 300 milhões em carne parados no Porto de Santos

A retomada das exportações de carnes para a China, Egito e Chile já trouxe algum alívio às empresas, inclusive às que não estão sendo investigadas pela Operação Carne Fraca, mas que vinham sofrendo com os embargos, como o frigorífico Frisa, do Espírito Santo. No fim da semana passada, o Frisa chegou a estimar prejuízo de R$ 5 milhões com as 500 toneladas de carne que já embarcara para a China. Com o fim do embargo, a empresa desembarcou o produto e escapou do prejuízo.

De acordo com dados da Abiec, associação que representa os exportadores de carne, na sexta-feira havia US$ 96 milhões (equivalente a R$ 300 milhões) em carne bovina e derivados parados no Porto de Santos. Ontem, esse volume já era bem menor. Já o volume de carnes de frango e suínos que não foram embarcadas em todo o país somava US$ 40 milhões (ou R$ 125 milhões), informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Com a liberação das entregas de produtos à China e ao Egito no fim de semana, a ABPA diz que a preocupação agora são os embargos temporários impostos por Hong Kong e Qatar.

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PRODUÇÃO AINDA 35% MENOR

Ontem, a JBS, que está entre as investigadas, informou que retomou a produção de carne bovina nas 33 unidades, das 36 que tem no país, que pararam por três dias na semana passada. As unidades, porém, estão operando com produção 35% menor que o normal.

“A JBS continua aguardando a definição de importantes mercados exportadores, como União Europeia e Hong Kong”, disse a empresa em nota.

Já a BRF, outra citada pela operação, manteve o mesmo ritmo de produção desde o início da investigação. A União Europeia continua com embargo às exportações de frigoríficos investigados pela Polícia Federal.

O escândalo da carne causou problemas também em outras áreas do agronegócio. Desde o anúncio das investigações, dia 17, os preços da soja e do milho caíram. No caso da soja, o valor do lote de contratos negociados na Bolsa de Chicago recuou 2,8%, para US$ 973,4. Movimento similar ocorreu com o milho, com queda de 2,7%, para US$ 356,2. Outros fatores também contribuíram para o recuo.

— Os preços da soja e do milho estão caindo pelo excesso de oferta. A Carne Fraca foi mais um estresse no fim da colheita, quando o mercado regula os preços — disse Leonardo Teixeira Moreira, da consultoria Araújo Fontes.

O globo, n.30549 , 28/03/2017. Economia, p.21