O destino incerto de um presente promissor

Maiá Menezes

15/03/2017

 

 

Ao jogar luz sobre o passado, Lava-Jato dá chance de clarear o futuro

A República dormiu ontem com parte essencial de seu vértice atrelada a um destino incerto. Nas mãos do Supremo, 83 investigações guardam, mais do que os rumos dos políticos que comandam o país, o enredo que poderá resultar em um impacto profundo na maneira de fazer política por aqui.

Cinco ministros, presidentes da Câmara e do Senado, potenciais candidatos à Presidência, ex-presidentes da República (cujas investigações desceram à primeira instância): todos diante de um novo escrutínio — a investigação funda sobre as pistas indicadas pelos delatores da Odebrecht.

Os ventos que há três anos alçam a Lava-Jato a um marco inegável no combate à corrupção agora levam a investigação ao cume. Um momento de instabilidade inevitável na cúpula da política, mas também de oportunidade para mudanças no viciado processo eleitoral brasileiro.

Nunca se viu tanta sinceridade dos agentes envolvidos em campanhas como nesses dias que antecederam a divulgação da segunda etapa da Lista de Janot. Empresários e políticos falaram com clareza sobre o uso de caixa 2 nas campanhas das últimas décadas. Relativizando ou naturalizando.

A ventania é chance para clarear o futuro. Porque começou jogando luz sobre um passado até então desconhecido da maioria.

O globo, n.30536 , 15/03/2017. País, p.8