Reforma tributária deve ser enviada em abril, diz Padilha

Simone Iglesias 

10/02/2017

 

 

Ministro sinaliza que taxação sobre renda e ganhos de capital vai aumentar

-BRASÍLIA- Em palestra a gestores da Caixa Econômica Federal, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse, ontem, que o governo deverá encaminhar ao Congresso, em abril, um projeto de reforma tributária. Segundo Padilha, a matéria só não será enviada antes porque a pauta dos congressistas está “congestionada” com as reformas da Previdência e das leis trabalhistas.

Ainda em discussão no governo, Padilha sinalizou que haverá mudanças na tributação de renda e de ganhos de capital. Disse avaliar que o consumo é muito tributado e que isso deverá mudar.

— Tributamos muito o consumo e muito pouco a renda e os ganhos de capital. Temos que aprender como fazem os povos desenvolvidos, tributam mais a renda e os ganhos de capital e menos o consumo, porque ele impacta a base da pirâmide. Quem paga mais impostos no Brasil são os mais pobres. Estamos trabalhando para ver o quanto vamos conseguir avançar na reforma tributária já nesta direção, se possível — afirmou.

Ao defender a criação de um teto de gastos públicos, no fim do ano passado, o ministro salientou que não existe “dinheiro público” e que a despesa dos governos está “agigantada”:

— Não existe dinheiro público. O Estado não produz um real. Só existe com o dinheiro que ele toma da sociedade na forma de imposto ou dinheiro emprestado. Temos que dar estabilidade a isso, e o maior problema hoje é a máquina do Estado agigantada, nos municípios, estados e no governo federal.

AFINIDADE POLÍTICA

No fim do ano passado, o presidente Michel Temer disse que o foco do governo em 2017 seria a reforma tributária, para tornar a legislação mais simplificada. Temer afirmou que sua administração é “reformista” e que não iria parar de implementar mudanças estruturais, referindo-se, também, às reformas previdenciária e trabalhista.

Aos superintendentes e diretores regionais da Caixa, Padilha afirmou não esperar “afinidade política” com o governo Michel Temer.

— Não tenho a pretensão de que todos tenham afinidade política com o governo. A questão da afinidade política é do cidadão, não do gerente da Caixa, que tem uma missão institucional. Vocês servem aos brasileiros, não ao governo A, B ou C. Não quero que cada um seja um defensor das políticas do governo, mas do ponto de vista da gestão — disse o chefe da Casa Civil.

O globo, n. 30503, 10/02/2017. Economia, p. 23