Valor econômico, v. 17, n. 4152, 14/12/2016. Politica, p. A14

Caiado sugere eleições gerais e renúncia de Temer

 
Fabio Murakawa
Vandson Lima
 

O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) pediu ontem "sensibilidade" ao presidente Michel Temer e sugeriu que o Brasil realize eleições gerais antecipadas para presidente da República e para renovar o Congresso Nacional.

Caiado, líder do partido e apontado por colegas como potencial presidenciável, fez a declaração em meio ao agravamento da crise econômica e política, com denúncias que atingem o coração do Palácio do Planalto e parlamentares influentes, que tiveram o nome citado em delações no âmbito da Operação Lava-Jato.

Além dos vazamentos, uma pesquisa Datafolha apontou nos últimos dias reprovação recorde do presidente Michel Temer e também do Congresso Nacional.

"Neste momento, o Congresso tem credibilidade para legislar? O governo tem credibilidade para governar? As pesquisas mostram isso?", questionou o senador. "Se não tem, o que a população precisa ter? A condição de poder eleger novamente. Aí, sim, a população reelege novamente os deputados, os senadores, o presidente da República, e aí ela vai ter que acolher aquela proposta que for levada [ao poder, por força das urnas]."

Para Caiado, é preciso "analisar a gravidade do momento", que impõe "gestos de humildade". Ainda segundo ele, "mandato político não é direito de propriedade".

Questionado sobre se o presidente Michel Temer deveria renunciar ao cargo, Caiado respondeu: "Eu acho que ele [Temer] saberá balizar este momento. Ele deve ter a sensibilidade que não teve a presidente Dilma". "Nós temos que ter a responsabilidade de não deixar que o quadro se agrave. De não deixar que a sociedade, ao não acreditar nas lideranças políticas, resolva tomar as decisões pelas suas próprias mãos", afirmou.

Líder do governo no Congresso, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), defendeu a manutenção de Temer no cargo até 2018, para quando estão previstas eleições presidenciais. E completou lembrando a condição de presidenciável de Caiado. "O senador Caiado é candidato à Presidência da República. Aliás tem muitos presidenciáveis no Brasil, o que é bom. Porque isso vai gerar muito debate e muitas opções para 2018", disse. "Até 2018, a Constituição garante a manutenção do governo do presidente Michel Temer."

Já o senador Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado, usou a perda de votos do governo na votação da PEC 55, ontem, para se aliar ao argumento de Caiado.

"Eu tenho certeza de que isso aprofunda e torna mais justa ainda a tese que nós estamos defendendo que é de renúncia do presidente Temer e convocação de eleições diretas para a Presidência da República", afirmou.