Manifestantes protestam contra teto de gastos em 14 estados

Luiza Souto e Renan Xavier

14/12/2016

 

 

Em Brasília, houve confronto com a PM. Sede da Fiesp foi depredada

 

-BRASÍLIA, RIO E SÃO PAULO- Manifestantes contrários à proposta de emenda constitucional (PEC) que fixa um teto para os gastos públicos voltaram às ruas ontem em pelo menos 14 estados e no Distrito Federal (DF) para protestar contra a aprovação do projeto no Congresso. Em São Paulo, uma vidraça da sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) foi quebrada por grupos que protestavam contra as mudanças. No Rio, os protestos se concentraram na Candelária, no Centro da cidade.

Até a noite de ontem, havia registros de manifestações nos seguintes estados: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.

 

CONFRONTO COM A PM EM BRASÍLIA

A Fiesp se tornou alvo de manifestantes na capital paulista durante protesto que começou no fim da tarde de forma pacífica. Com bandeiras de sindicatos e movimentos sociais como MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e Frente Povo Sem Medo, eles começaram a caminhar pela via quando um grupo parou em frente à Fiesp e começou a atirar objetos contra o prédio. Manifestantes invadiram o local e soltaram rojões no interior do imóvel. A depredação aconteceu por alguns minutos, até a chegada da Polícia Militar.

Em nota, a Fiesp classificou o episódio como um ataque criminoso e violento liderado por vândalos”. A federação afirma que os manifestantes colocaram em risco os funcionários da Fiesp, do Sesi e do Senai que saíam do local, além de frequentadores do Centro Cultural Fiesp. Na nota, a Fiesp repudia a ação, acrescentando que “lamenta ainda mais que uma minoria violenta acredite que a depredação seja uma maneira razoável de manifestar posições política ou ideológicas. Vandalismo é crime”.

Mais cedo, integrantes do Movimento Luta Popular fizeram um protesto contra a PEC na Zona Sul de São Paulo. O ato começou por volta das 6h30m, na altura da avenida Dona Belmira Marin. Às 8h, quatro das cinco faixas da Avenida Senador Teotônio Vilela estavam interditadas no sentido Centro. O protesto terminou por volta das 8h50m.

No Rio, manifestantes se reuniram na frente da Candelária, ecoando gritos de “Fora, Temer”. Até o início da noite, o ato seguia pacificamente, sem interdições no trânsito. Não havia, até então, estimativa de público. Em Brasília, pela manhã, quando a emenda começou a ser discutida, os protestos foram pacíficos e até surpreenderam a Polícia Militar, que chegou a fechar o trânsito na Esplanada de forma preventiva. No entanto, à tarde, a manifestação fugiu do controle depois que um grupo avançou sobre a barreira de segurança que revistava quem queria seguir para o Congresso Nacional.

Em resposta, a PM usou gás de pimenta e bombas de efeito moral, além de acionar os agentes da cavalaria. Um ônibus foi incendiado, placas de trânsito arrancadas, uma parada de ônibus depredada e carros arranhados. Vidraças de prédios de bancos foram quebradas, e um grupo também tentou invadir a sede da TV Globo na capital.

Até o início da confusão, a PM já havia apreendido cerca de 300 objetos proibidos para o protesto, como máscaras, bastões, madeiras e bolas de gude. A equipe de segurança do DF trabalha com a expectativa de novas manifestações durante a semana, já que pautas impopulares seguem no Congresso, como a reforma da Previdência.

Segundo a PM, 2.000 pessoas participaram do protesto no auge da manifestação. A organização não divulgou a estimativa de participantes. Mais de 40 pessoas foram detidas e encaminhadas para delegacias da região. Não havia registro de feridos. Sete policiais foram encaminhados para o Hospital de Base de Brasília.

 

 

O globo, n. 30445, 14/12/2016. Economia, p. 28.