Valor econômico, v. 17, n. 4125, 04/11/2016. Política, p. A8
Por: André Guilherme Vieira
Ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda nos governos do PT, Antonio Palocci passou à condição de réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em ação penal aberta ontem pelo juiz federal Sergio Moro, titular da Operação Lava-Jato no Paraná. Outros 14 acusados também vão responder ao mesmo processo penal, entre os quais o empresário Marcelo Odebrecht, o ex-presidente da Sete Brasil João Carlos Ferraz, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari.
No despacho em que recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF), Moro observou haver "razões fundadas para identificar Antonio Palocci Filho como a pessoa identificada pelo codinome 'italiano' no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht ".
O magistrado também faz menção, no despacho, a registros de encontro de Palocci com Guido Mantega e com o ex-presidente Lula para suposta atuação no interesse da Odebrecht.
"O contexto mais uma vez indica que o 'italiano' seria o interlocutor e que estaria, Italiano/Palocci, na reunião com o então ministro da Fazenda Guido Mantega e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva para defender os interesses do Grupo Odebrecht".
Palocci está preso desde 26 de setembro, quando foi deflagrada a 35ª fase da Lava-Jato, a "Omertà".
A acusação aponta recebimento de propinas pagas pela Odebrecht em troca de interferência no governo. Os contratos da Sete Brasil, empresa constituída para a construção de sondas para exploração da camada pré-sal, também envolveriam pagamentos de vantagens indevidas, segundo o MPF.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a defesa de Palocci disse que não há fato que incrimine o ex-ministro e que a abertura da ação penal não surpreendeu.
"Não se registra nenhum episódio em que o juiz da Lava-Jato tenha recusado ou rejeitado qualquer denúncia que lhe tenha sido apresentada pelos acusadores".