Valor econômico, v. 17, n. 4105, 05/10/2016. Política, p. A10

Campanhas petista e tucana têm dívidas milionárias

Por: Cristiane Agostine e Estevão Taiar

 

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o recém-eleito para o cargo, João Doria (PSDB), terminaram a disputa municipal com dívidas milionárias. Haddad busca doadores para pagar os R$ 5,8 milhões que faltam da campanha pela reeleição e pedirá ao diretório nacional do partido para bancar a maior parte do montante. Doria, que se mostra como gestor e não como político, gastou R$ 6,1 milhões a mais do que arrecadou e tem dito que, se for preciso, pagará essa despesa com recursos próprios.

O valor devido pela campanha de Haddad é semelhante a toda receita já arrecadada pelo petista. A campanha do prefeito, que terminou em segundo lugar na disputa municipal, recebeu R$ 5,98 milhões, mas gastou R$ 11,78 milhões. A maior despesa foi com os programas veiculados no rádio e na televisão, no horário eleitoral, que custaram R$ 6,7 milhões.

O maior doador foi o diretório municipal do PT, que repassou à campanha petista R$ 1,87 milhão, 31,26% do total. Ex-ministro da Educação, Haddad registrou em sua prestação de contas declarada ao Tribunal Superior Eleitoral ter recebido R$ 300 mil do ex-ministro e empresário da área Walfrido dos Mares Guia, criador da Kroton. Foi a maior doação da campanha. O fundador da Anhembi Morumbi, Gabriel Mario Rodrigues foi o segundo maior doador, com R$ 220 mil e Angela Regina Rodrigues Paula Freitas, da Anhanguera, doou R$ 110 mil. O advogado Marcelo Rossi Nobre, que defendeu o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deu R$ 150 mil e é o terceiro maior doador do petista.

O tesoureiro da campanha de Haddad, deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), afirmou que pretende renegociar o valor devido com os credores. Para tentar quitar o valor, Teixeira disse também que fará jantares, pedirá recursos pela internet e ao diretório nacional do PT. Na plataforma online, a campanha de Haddad arrecadou R$ 95,5 mil. Não há registros de recursos dados pelo próprio candidato.

A campanha de João Doria também terminou com uma dívida milionária, maior do que a de Haddad. Doria arrecadou R$ 7,34 milhões e gastou R$ 13,45 milhões. Só com o programa de rádio e de televisão, foram R$ 8,76 milhões, 65,16% do total.

O maior doador foi o próprio candidato, segundo a prestação registrada no TSE, com R$ 2,93 milhões, 40% do total. Em seguida aparece o PSDB, com R$ 2 milhões. O empresário Renato Feder, da Multilaser, deu R$ 120 mil, e Elie Horn, fundador da Cyrela, doou R$ 100 mil.

Dono de um patrimônio de R$ 180 milhões, Doria afirmou que poderá pagar com recursos próprios a dívida. "Vamos ter um jantar de arrecadação, o que a legislação eleitoral permite. E ainda doações poderão ocorrer", disse. "E se faltar, eu vou bancar, como já fiz em parte dessa campanha", afirmou, na segunda-feira.

Terceiro colocado na disputa, o deputado federal Celso Russomanno (PRB) terminou a campanha com pouco mais de R$ 1 milhão em caixa. A arrecadação foi R$ 4,73 milhões e a despesa, de R$ 3,96 milhões. A maior parte veio do PRB (90%) e do PTB (5,3%), vice na chapa. O candidato recebeu R$ 100 mil de Elie Horn, da Cyrela.

A senadora Marta Suplicy (PMDB) acabou a campanha com R$ 1,9 milhão. A receita foi de 5,7 milhões e a despesa, de R$ 3,8 milhões. O PMDB doou R$ 1,55 milhão e o PSD, vice na chapa R$ 772,7 mil.