Candidato é morto e vice de GO, baleado

Leonencio Nossa, Andreza Matais e Eduardo Brito

29/09/2016 

 

 

Políticos participavam de carreata em Itumbiara, no interior do Estado, quando foram atingidos por disparos; assassino também foi morto.

Uma carreata da qual participava o vice-governador e governador em exercício de Goiás, José Eliton (PSDB), terminou na morte de três pessoas na tarde de ontem em Itumbiara, a 240 quilômetros de Goiânia. Eliton foi ferido no abdômen. O candidato a prefeito José Gomes da Rocha (PTB), o Zé Gomes, também foi baleado e morreu.

Rocha estava ao lado do vicegovernador na carroceria de uma caminhonete quando foi baleado na cabeça por um homem que se aproximou do veículo.

O assassino, identificado como Gilberto Ferreira do Amaral, e um policial militar, o cabo Vanilson João Pereira, morreram após serem atingidos durante um tiroteio.

Eliton, que também é secretário de Segurança Pública do Estado, foi levado para o hospital municipal. No começo da noite, ele foi transferido de helicóptero para a capital goiana.

O vice-governador passaria por uma cirurgia para retirar dois projéteis. Até a conclusão desta edição não havia sido divulgado boletim médico.

Em nota, a assessoria de imprensa do governo de Goiás informou que Eliton não corre risco de morte. O advogado da prefeitura de Itumbiara Célio Rezende, outro ferido, também foi transportado para um hospital na capital do Estado.

O governador Marconi Perillo (PSDB) estava em viagem a Los Angeles, nos Estados Unidos.

O deputado Jovair Arantes (PTB-GO) e o senador Wilder Morais (PP-GO) também estavam no carro de Zé Gomes, mas não foram atingidos.

Servidor. A Polícia Civil de Goiás informou que o atirador, de 53 anos, era auxiliar de serviços gerais da Secretaria Municipal de Saúde de Itumbiara. O cabo da polícia morto estava, no momento do crime, fazendo a segurança do candidato a prefeito.

Minutos após a notícia do atentado ser divulgada por blogs e sites de Goiás, políticos do Estado manifestaram pesar pela morte de Zé Gomes. “É uma tragédia que choca a todos nós goianos”, afirmou o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado.

Um dos mais ricos políticos do interior goiano e ex-prefeito, Zé Gomes declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 110 milhões, formado em sua maioria por fazendas. Chamado de “Maluf de Itumbiara” por uma série de acusações, o candidato tentava voltar ao comando da prefeitura, que chefiou de 2005 a 2012. Nesta eleição, ele conseguiu montar uma coligação de 14 partidos, incluindo o PT, o PMDB e o PSDB. 

Repercussão. O governador Marconi Perillo, segundo a assessoria, ficou consternado com a tragédia. “Foi um ato de barbárie política que vitimou a mais expressiva liderança da história de Itumbiara”, lamentou Perillo, por meio de nota.

“Este ato de covardia e intolerância revela o nível de agressividade vivenciado hoje pela política brasileira e goiana.” Também por meio de nota, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, afirmou que “repudia” a morte do candidato à prefeitura de Itumbiara.

Segundo a assessoria de imprensa do TSE, Mendes “reafirma o seu compromisso em cobrar investigação dos possíveis atentados políticos contra candidatos às eleições de 2016, nos últimos meses”.

A nota destaca que o presidente da Corte Eleitoral visitou recentemente dois cartórios eleitorais no Estado do Rio de Janeiro “para ver de perto a realidade da região por causa do grande número de mortes envolvendo políticos, pré-candidatos e candidatos nessas eleições e prometeu fazer o mesmo em outras localidades”.

“Além disso, o presidente do TSE enviou recentemente ofício ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para que a Polícia Federal acompanhe as investigações sobre os assassinatos de candidatos nas eleições deste ano, tanto no Estado do Rio quanto no restante do País”, diz a nota.

O PTB e o PSDB também divulgaram notas ontem lamentando a morte e classificando o caso de “atentado”.