Valor econômico, v. 17, n. 4080, 30/08/2016. Política, p. A9

DEM busca protagonismo junto ao Planalto

Por: Bruno Peres / Vandson Lima

 

O DEM busca protagonismo depois da chegada do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara e quer ter, ao lado do PSDB, responsabilidade com a continuidade do governo Michel Temer a partir do desfecho do processo de impeachment, que deve afastar em definitivo a presidente Dilma Rousseff do Palácio do Planalto.

Um dos principais defensores do impeachment no Congresso, o DEM também entende que pode atuar como interlocutor do governo Temer na sociedade para "encorajar" e "alavancar" o discurso que determinará a diferenciação entre as duas gestões.

A expectativa do partido, comum na base de apoio ao Palácio do Planalto no Congresso, é por um presidente com mais "força" para avançar em agendas consideradas necessárias para o país.

Líder da bancada do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO) diz esperar que, na condição de presidente efetivo, Temer "despreze 100%" propostas, por exemplo, de reajustes salariais. Em sua avaliação, não há como aprovar iniciativas como essa em meio a apelos por um ajuste fiscal a ser dividido por todos.

"É conter cada vez mais as despesas e dar sinais claros de para onde estamos caminhando. Até agora, parece que o Brasil está só discutindo três decretos e pedaladas, mas é o conjunto da obra que levou a isso. É fundamental que Temer passe a fazer comunicados à nação para mostrar como estão as coisas. Senão pode parecer que só se trocou de presidente, mas que continuamos no mesmo rumo que estávamos com Dilma", disse ao Valor.

Em discurso com um tom a mais de otimismo, o presidente da Câmara afirma por sua vez que Temer terá mais força e habilidade política, um atributo lembrado por parlamentares de diversos partidos, para diariamente "construir legitimidade" não só de seu governo mas também das propostas encaminhadas ao Congresso.

"A Câmara está tendo protagonismo nesse debate da importância dessa agenda para o Brasil. Acredito nisso", disse Maia ao Valor. "Às vezes alguns deputados dizem "você não acha que está se colocando demais, não?", mas a minha obrigação, em um momento de crise, é me colocar mesmo. Meu ponto de vista, a agenda em que eu acredito. Junto com os lideres, claro", acrescentou.

O otimismo de Maia se estende à disputa presidencial de 2018, passando pela troca da presidência da Câmara. Para o deputado, a "força" do governo proporcionará unidade suficiente entre os aliados no Congresso para lançamento de candidatura única à sucessão. "Nosso compromisso tem que ser compreender que ninguém vai chegar em 2018 com condição de disputar eleição se não passar essa travessia, que não é fácil", afirmou.

Maia diz não considerar adequado precipitar um debate sobre sucessão da Câmara, sob o risco de inviabilizar a votação de propostas, mas acredita que será sucedido por um candidato da base governista, com trânsito entre oposicionistas. "Se o PSDB não tem o monopólio da sucessão do presidente Michel Temer, certamente o DEM não tem o monopólio da minha sucessão. Todos os partidos têm legitimidade para tentar construir uma candidatura na base do governo e na oposição", disse.

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