Valor econômico, v. 17 , n. 4078, 26/08/2016. Brasil, p. A5

Maioria não quer Dilma nem Temer, confirma pesquisa

Por: Ricardo Mendonça / Estevão Taia

 

A maior parte dos brasileiros não quer a volta de Dilma Rousseff à cadeira de presidente da República. Mas também não quer a permanência do pemedebista Michel Temer no posto. Na semana que marca o início do julgamento da petista no Senado, 60% da população, segundo levantamento realizado pelo instituto Paraná Pesquisas, assinala que a melhor solução para o país nesse momento seria a realização de novas eleições.

Financiado pelo próprio instituto para divulgação de sua marca, segundo o dono da empresa, o economista Murilo Hidalgo, o levantamento foi feito entre os dias 20 e 24 de agosto com 2.023 entrevistas em 157 municípios.

Conforme o estudo, só 12% são adeptos do "volta, Dilma". A parcela da população que prefere a manutenção do presidente em exercício, Michel Temer, no cargo representa 25,8%. A margem de erro do levantamento é de dois pontos para mais ou para menos.

Nos meios político e jurídico, a ideia de novas eleições não é sequer cogitada como uma alternativa viável. Um evento como esse só aconteceria sem questionamento legal com duplo afastamento, de Dilma e de Temer, ou dupla renúncia. Mesmo assim, precisaria ser antes do final da primeira metade do atual mandato presidencial.

Depois de afastada do cargo, Dilma aderiu à ideia de realização de um plebiscito em que a população decidiria pela realização de um novo pleito. Formalizou a intenção numa carta enviada aos senadores no dia 16 de agosto. Nem o PT, porém, aderiu à ideia. Em reunião na terça-feira, a Executiva Nacional do partido rejeitou a proposta de publicação de um documento favorável ao plebiscito por 14 votos a 2, confirmando uma posição que já havia sido publicamente manifestada alguns dias antes pelo presidente da sigla, Rui Falcão.

Em relação à defesa de novas eleições, o resultado apurado pelo Paraná Pesquisas é mais ou menos parecido com o de uma pesquisa feita no início de julho pelo Ipsos. Naquele período, segundo a empresa de origem francesa, 52% dos brasileiros defendiam que Temer ou Dilma convocassem novas eleições - embora não haja essa possibilidade legal nas mãos do presidente.

Há diferença notável, porém, em relação à volta de Dilma ou à permanência de Temer. Segundo o Ipsos, 20% preferiam o retorno da petista e apenas 16% defendiam o "fica, Temer".

No levantamento finalizado nesta semana, o Paraná Pesquisas também constatou uma possível ligeira melhoria da taxa de aprovação da gestão Temer. Em junho, 36,2% aprovavam. Em julho, 38,9%. Agora, 40,6%. Já a desaprovação teria variado de 55,4% para 52% no mês passado e, no período mais recente, para 50,4%.

Num outro universo pesquisado, a empresa.Map identificou sinais de aumento de otimismo.

O chamado IP Brasil, índice que mede a avaliação de internautas e colunistas a respeito da situação do país, atingiu 74% na semana encerrada na quarta-feira.

Trata-se do nível mais alto calculado pela.Map desde julho do ano passado, quando o índice foi criado. Quanto mais próximo de 100%, maior é considerado o otimismo a respeito da situação do Brasil em um universo de um milhão de posts e 250 textos opinativos da imprensa analisados semanalmente. Até então, o recorde era 69% em outubro de 2015.