Desemprego chega a 11,2% em abril

01/06/2016

Daniela Amorim

 

A taxa de desemprego no Brasil aumentou para 11,2% No trimestre encerrado em abril, patamar recorde na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua( Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2012. No mesmo período do Ano passado, a taxa de desocupação Estava em 8%.

Quem permanece empregado não tem muito a comemorar.

A renda dos que se mantêm ocupadosencolheu3,3%emum ano, em meio a um cenário de inflação alta e de reajustes negociados por trabalhadores com pouco poder de barganha.

“Acreditamos que a continuidade das menores altas do rendimento nominal contribuirá para a persistência da desaceleração da inflação, principalmente dos preços dos serviços”, ressaltou Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, em nota.

Diante do salário menor e da redução no número de vagas, a massa salarial caiu em abril ao menor nível desde maio de 2013. “Você tem menos dinheiro circulando no mercado. Isso vai afetar o consumo e o gasto da população. Tem menos pessoas trabalhando, e o rendimento está mais baixo. Essa conta dá uma massa de rendimento menor”, explicou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

O País já tem 11,4 milhões de desempregados, montante recorde na pesquisa. Em um ano, 3,383 milhões de pessoas foram levadas à fila do desemprego, um crescimento de 42,1% em comparação ao trimestre encerrado em abril do ano passado.

Já a população ocupada estava em 90,633 milhões de pessoas, o equivalente a um fechamento de 1,545 milhão de vaga em um ano, também o maior da série histórica. “Para cada posto de trabalho que se perdeu, surgiram duas pessoas à procura de emprego”, disse Azeredo.

Só a indústria demitiu 1,569 milhão de trabalhadores em apenas um ano, o que provocou também uma dispensa generalizada de terceirizados. O grupamento de serviços de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas cortou 820 mil empregados.

“Isso é terceirização, praticamente.

Todo mundo que está trabalhando na indústria, Como limpeza, escritório, serviços de TI (tecnologia da informação). Se a indústria encolhe, esse grupamento vai encolher também”, disse o coordenador do IBGE.

O comércio demitiu 101 mil Empregados no mesmo período, e a agricultura dispensou 81 mil pessoas. “Você tem crise política, crise econômica, e isso se reflete no mercado de trabalho.

Tudo o que acontece no mercado de trabalho é reflexo do cenário econômico”, disse Azeredo.

A deterioração do mercado de trabalho foi um processo construído para frear o processo de alta dos preços dos serviços e da inflação como um todo, na visão do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

Segundo o economista, a taxa de desemprego deve continuar em alta e chegar ao final do ano, entre 12% e 13%. / COLABOROU FRANCISCO CARLOS DE ASSIS

 

O Estado de São Paulo, n. 44787, 01/06/2016. Economia, p. B7