Na véspera de assumir o comando do país, Michel Temer se dedicou aos últimos ajustes para dar posse aos ministeriáveis e evitar um buraco no novo governo. Já era tarde da noite ontem quando Temer deixou o Palácio do Jaburu para se reunir com os prováveis ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha; de Governo, Geddel Vieira Lima; e da Justiça, Alexandre Moraes, no gabinete da Vice-Presidência. Moreira Franco, que assumirá uma secretaria responsável pelas concessões do serviço público, também participou do encontro.

“Vamos trabalhar agora à noite (ontem) para todos os atos que dizem respeito à posse de novos ministros saiam amanhã (hoje), se o Senado aprovar”, esclareceu Padilha. O futuro ministro prevê que as nomeações sejam publicadas numa edição extra do Diário Oficial da União hoje mesmo e, em seguida, Temer anuncie a equipe ministerial e faça a primeira reunião.

À frente da Secretaria de Governo, Geddel informou ontem que pretende fazer encontro com sua equipe na quinta ou sexta, mas intenção é deixá-los trabalhar sozinhos sábado e domingo. “Estamos muito preocupados com as notícias de que o atual governo está deixando uma terra arrasada nos ministérios”, afirmou. Geddel reiterou ainda que Temer não deve anunciar toda a equipe hoje. “É natural que, em um processo desse, em que o eventual afastamento da presidente ainda está tramitando, alguma sintonia fina fique para o fim, para o momento oportuno.”

Para Geddel, a tendência é que, passada a fase inicial, haja um momento de reclusão. “Temer assumindo e dando posse aos ministros é o momento de reclusão e de mergulhar a equipe para poder ter condições de começar a semana com um mínimo de capacidade de trabalho”, disse. “Esses não é um governo que tenha tido 90 dias de transição para chegar com todas as questões resolvidas. Está enfrentando dificuldades na transição. É natural algum estresse nessa fase final.”

Primeira-dama

Ao longo do dia, enquanto senadores discursavam em plenário, Temer recebia aliados no Palácio do Jaburu. A chegada da mulher, a primeira-dama Marcela Temer, com o filho, Michelzinho, pode ter forçado a ida do vice ao gabinete, para deixar os familiares mais à vontade em casa, longe dos holofotes da imprensa e do contato direto com os aliados políticos de Temer.

No início da tarde, Temer deixou o Jaburu e retornou pouco mais de meia hora depois para se encontrar com o ex-presidente José Sarney. Pouco depois, Temer recebeu o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, cotado para assumir a Fazenda. Meirelles deixou o Jaburu mais de duas horas depois sem falar com a imprensa. Moreira Franco também esteve na residência oficial.

Ao visitar Temer, o deputado Danilo Forte (PSB-CE) afirmou que o novo governo procurará apoio no Congresso para garantir medidas que normalizem a administração e reaqueçam a economia do país. “Tem várias medidas em andamento na Câmara que podem facilitar esse processo. Uma delas é a votação da DRU (Desvinculação das Receitas da União). Também a revisão da meta fiscal e os incentivos para os municípios se fortalecerem financeiramente”, detalhou.

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo prendeu, ontem, Silvonei José de Jesus Souza, de 35 anos, o hacker acusado de extorquir Marcela Temer, mulher de Michel Temer. O bandido exigiu R$ 15 mil, depois de ter invadido os arquivos de seu telefone celular. Um inquérito sobre o crime foi aberto há cerca de um mês, depois que o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, foi informado sobre a ação dos criminosos. Moraes determinou que policiais de sua confiança assumissem a apuração do crime. Dessa forma, agentes da equipe do delegado Rodolpho Chiarelli assumiram as investigações e, por determinação do secretário, houve a decretação de sigilo nos autos. O acusado já responde a um processo anterior. Em 2012, foi processado por estelionato na 8ª Vara Criminal do Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista, mas acabou absolvido em março de 2013.