Valor econômico, v. 17, n. 3997, 04/05/2016. Política, p. A6

PGR pede inclusão em inquérito de 30 novos investigados

Procurador-geral também quer inserir delações no processo da Lava-Jato no Supremo

Por: Carolina Oms e Leticia Casado

 

O procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a inclusão de 30 investigados no principal inquérito da Lava-Jato no tribunal, que apura se uma organização criminosa atuou na Petrobras. Janot pediu a inclusão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do chefe de gabinete da Presidência, Jaques Wagner, do ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, e do assessor especial da presidente Dilma Rousseff,Giles Azevedo.

Janot: PT mantinha estrutura vertical na Petrobras e PMDB se mantinha divisão em dois esquemas

Janot afirmou ao STF que as investigações da Lava-Jato apontam que uma organização criminosa que atuou na Petrobras "jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dela participasse".

Também estão na lista os nomes dos senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Delcídio do Amaral (sem partido-MS), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), além do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.

O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF, deve autorizar a inclusão dos novos suspeitos no inquérito, que já conta com 39 pessoas e visa apurar o funcionamento da "organização criminosa" que atuava na Petrobras.

Janot também pediu a inclusão da delação premiada de Nestor Cerveró, Delcídio do Amaral e de todos os executivos da Andrade Gutierrez no inquérito.

Segundo Janot, a inclusão de novos investigados se deve ao avanço das investigações, que mostrou que "a organização criminosa tem dois eixos centrais. O primeiro ligado a membros do PT e o segundo ao PMDB". Haveria ainda uma separação entre os membros do PMDB que estão na Câmara e os que estão no Senado.

"As provas colhidas indicam para uma subdivisão interna de poder entre o PMDB da Câmara dos Deputados e o PMDB do Senado Federal. Estes dois grupos, embora vinculados ao mesmo partido, ao que parece, atuam de forma autônoma, tanto em relação às indicações políticas para compor cargos relevantes no governo quanto na destinação de propina arrecadada a partir dos negócios escusos firmados no âmbito daquelas indicações", escreveu Janot.

Sobre o PT, o procurador-geral afirmou ainda que os novos indícios mostram "uma atuação da organização criminosa de forma verticalizada, com um alcance bem mais amplo do que se imagina no início e com uma enorme concentração de poder nos chefes da organização".

Janot pediu que as investigações sobre a organização sejam estendidas por mais 150 dias. "A extensão e relevância de cada investigado para funcionamento da organização criminosa só saberemos ao cabo desta investigação."

Segunda a Procuradoria, havia um núcleo econômico, formado por empresários, agindo dentro da Petrobras. "Além dos inúmeros empresários que já foram denunciados perante o juízo da 13ª Vara de Curitiba (PR), há evidencias de que André Esteves, sócio do Banco BTG, e Lucio Bolonha Funaro, possível sócio oculto de Cunha, também sejam integrantes dessa organização".

Para a PGR, as mensagens extraídas do celular do executivo da OAS, Leo Pinheiro, não deixam dúvidas do envolvimento de Eduardo Cunha no "comércio de emendas parlamentares com empreiteiras e banqueiros".

Sobre o Partido Progressista, Janot afirmou que Eduardo da Fonte e Aguinaldo Ribeiro "assumiram, a partir de 2011, o comando da agremiação partidária e o consequente controle da repartição de valores relativos ao esquema de corrupção da Diretoria de Abastecimento da Petrobras".

Na segunda-feira, a PGR solicitou abertura de inquérito contra seis peemedebistas - incluindo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) -, contra o tucano Aécio Neves (MG), e contra os petistas Marco Maia (RS) e o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva.

Com os novos pedidos, Cunha acumula cinco inquéritos abertos no Supremo e três pedidos de abertura que ainda não foram analisados.

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