Valor econômico, v. 17, n. 4003, 12/05/2016. Política, p. A3

Manifestantes voltam às ruas e entram em confrontos pelo país

Por: Eduardo Campos, Letícia Casado e Fernando Taquari

 

 

Os grupos contra e a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff voltaram ontem às ruas protestar em algumas das principais capitais do país. Em Brasília, a Polícia Militar utilizou bombas de gás e spray de pimenta para conter os defensores dogoverno petista. Em São Paulo e no Rio de Janeiro houve registro de conflitos entre os manifestantes.

Manifestantes a favor e contra o impeachment da presidente Dilma trocam ofensas em ato na Avenida Paulista

Novamente sob forte esquema de segurança, os manifestantes favoráveis e contrários ao impeachment dividiram a Esplanada dos Ministérios separador por uma muro metálico e um corredor de 80 metros. No entanto, o volume de manifestantes foi diminuto, cerca de 5 mil na estimativa da PM, sendo quatro mil do lado favorável à Dilma Rousseff e outros mil no lado que pede a saída da mandatária. A expectativa era de 20 mil pessoas no total.

"A PM tomou todas as precauções necessárias para receber as pessoas, mas o número foi aquém do esperado", disse o coronel Antônio Carlos Freitas, chefe da Comunicação Social da Polícia Militar do DF. A Esplanada estava fechada desde a zero hora de quarta-feira, o que gerou grande confusão no trânsito da capital, mas até às 18 horas ficou vazia. A partir dessa hora começou a movimentação de grupos em direção à frente do Congresso, onde telões e carros de som estavam posicionados.

Segundo Freitas, a Esplanada ficará fechada até o fim da votação do impeachment no Senado, prevista para ocorrer na manhã de hoje. Duas pessoas passaram mal e foram levadas para o hospital de base de Brasília. Uma outra foi detida por atacar a PM. "Um cidadão que arremessou pedra foi detido", disse o coronel.

As ocorrências registradas pela PM aconteceram no lado contra o impeachment. Por volta das 19h30 houve correria nas proximidades do Ministério da Justiça. Segundo a PM, manifestantes arremessaram garrafas e rojões nos policiais que faziam a barreira de isolamento. Foi usado gás de pimenta para a dispersão. Passada a confusão, um dos organizadores subiu ao carro de som e pediu perdão pelo ocorrido e disse que estavam apurando quem seriam os responsáveis.

"Usamos gás lacrimogêneo, era o menos letal", disse o coronel. Segundo ele, nenhum PM ou manifestante ficou ferido. Do outro lado do muro, manifestantes vestidos de verde e amarelo cantavam a favor do impeachment e portavam cartazes escrito "Tchau, Querida". A frase virou bordão do afastamento de Dilma depois da divulgação dos grampos telefônicos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; em conversa com Dilma, ele se despediu dizendo essas palavras.

Em São Paulo, a Avenida Paulista foi mais uma vez palco dos protestos. A via chegou a ficar bloqueada por volta das 18h nos dois sentidos. Os manifestantes acompanharam a votação do impeachment no Senado através de um telão instalado no local. Um homem que saiu em defesa da presidente Dilma entrou em conflito com grupos oposicionistas e acabou detido pela polícia por desacato. Em apoio ao governo petista, um outro grupo de estudantes promoveu um ato na PUC-SP, onde queimaram pneus e trocaram ofensas com manifestantes que defendem a deposição de Dilma Rousseff. No Rio, o clima também esquentou quando militantes da Frente Brasil Popular, ligada ao PT, entraram em confronto com integrantes do movimento 'Diretas Já' na Cinelândia, no centro da capital fluminense. Houve troca de empurrões, chutes e cusparadas dos dois lados, mas ninguém foi preso.

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