Valor econômico, v. 17, n. 4006, 17/05/2016. Política, p. A5

A pedido de Temer, ministro avalia nome de três mulheres para Cultura

Por: Andrea Jubé / Murillo Camarotto

 

Mesmo diante das críticas negativas sobre a extinção da pasta, o presidente interino Michel Temer reafirmou ontem que o Ministério da Cultura será transformado em Secretaria, vinculada ao Ministério da Educação. Temer confirmou a medida ontem em audiência com o novo ministro da Educação, Mendonça Filho, empossado na última quinta-feira. O ministro analisa, no momento, três nomes de mulheres cotadas para assumir a nova Secretaria Nacional de Cultura, mas que o governo ainda mantém em sigilo.

A pedido de Temer, Mendonça tenta aplacar as críticas sobre a ausência de mulheres no primeiro e segundo escalão do governo provisório. O ministro também avalia promover uma auditoria nos convênios firmados pela Cultura sob as administrações do PT.

Conforme nota divulgada pelo Ministério da Educação, Temer recomendou ao ministro-chefe de Casa Civil, Eliseu Padilha, e ao ministro do Planejamento, Romero Jucá, que coordenem, junto com Mendonça Filho, a reestruturação da Secretaria Nacional de Cultura. O objetivo é garantir a autonomia administrativa funcional e o suporte técnico "para reforçar a política cultural no país", diz o comunicado. "O mais importante é o compromisso do presidente de garantir apoio a quem faz e promove a cultura", afirmou Mendonça, por meio da assessoria.

O ministro também tem rebatido as críticas de apoiadores da presidente afastada Dilma Rousseff de que poderia extinguir programas sociais na área de educação. Ele já reafirmou que vai manter os programas bem sucedidos, como ProUni, Fies, de financiamento estudantil, Pronatec, de acesso às escolas e cursos técnicos, e vai preservar o Enem, de acesso ao ensino superior.

A extinção da Cultura e consequente incorporação ao MEC dividiu a classe artística, e recebeu críticas de expoentes do segmento cultural. Quando Temer ainda cogitava preservar o ministério, o nome do presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), foi cotado para assumir a pasta. Ele chegou a ser convidado para o cargo, mas Temer decidiu enxugar a máquinaadministrativa, reduzindo ministérios, e transformar a pasta em secretaria vinculada ao MEC.

Na sexta-feira, na primeira reunião feita separadamente com servidores do MEC e da Cultura, Mendonça Filho foi alvo de protestos. Ele se reuniu com funcionários do MEC pela manhã, e da Cultura, à tarde. A reunião com servidores da Educação teve manifestações pontuais, com gritos de "fora golpista" e "fora, Temer". O escritório de Mendonça Filho em Pernambuco também foi alvo de escrachos. Ainda ontem, a sede do DEM em Recife - base eleitoral do ministro - amanheceu com pichações com frases como: 'fora Temer'.

Senadores relacionados: