Correio braziliense, n. 19323, 21/04/2016. Política, p. 7

PSDB avalia apoio em uma gestão Temer

Marcelo da Fonseca

Belo Horizonte — O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, convocará para 3 de maio uma reunião da Executiva Nacional do partido para discutir apoio a um eventual governo de Michel Temer (PMDB). Ontem, o tucano afirmou que o partido não discute a indicação de nomes para ministérios ou cargos federais como condicionante para apoiar possível governo peemedebista. No entanto, Aécio e outros integrantes da legenda já consideram que o ex-governador de São Paulo e senador José Serra (PSDB) deve assumir um ministério caso Temer chegue ao Palácio do Planalto.

Dirigentes tucanos chegaram ao consenso de que as contribuições do partido serão em torno de uma agenda legislativa e de iniciativas que possam ajudar a restaurar as condições de governabilidade do país. Aécio planeja promover o encontro da Executiva próximo ao dia da votação da comissão especial criada no Senado para analisar o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), que deve ocorrer em 10 de maio. Na ocasião, o tucano deve apresentar um documento com sugestões de medidas governamentais ao vice-presidente Temer.

“De forma alguma impediremos qualquer quadro do PSDB que queira dar sua colaboração. É importante que fique claro que o governo será do PMDB. E outras forças políticas, como a nossa, que têm responsabilidade para com o país, o ajudaremos. Se algum nome do PSDB achar por bem participar do governo, certamente estará lá. Mas o partido, do ponto de vista orgânico, não vai iniciar um processo de subordinação à lógica dos apoios parlamentares”, disse Aécio.

 

Cotado

O senador está conversando com vários integrantes do PSDB para reunir sugestões em vários setores do governo. Nesta semana, Aécio já se reuniu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com a bancada do partido no Senado e, na próxima terça-feira, dia 26, fará uma reunião com a bancada da Câmara dos Deputados. Enquanto o PSDB negocia o embarque ou apoio informal ao eventual governo Temer, Serra tem mantido relações próximas ao peemedebista. O tucano é cotado para comandar alguns dos principais ministérios, caso o vice assuma o poder.

O tucano é cotado para assumir a Saúde, pasta que ele comandou no governo FHC, ou algum ministério ligado à infraestrutura ou economia. A preocupação de Serra em aceitar a pasta, no entanto, esbarra na falta de garantias de que o ministério teria recursos disponíveis para uma gestão de impacto.

 

Já para a pasta da Fazenda, que também poderá ganhar status de superministério se Temer assumir o Planalto, Aécio informou ontem que o nome preferido do peemedebista, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, recusou o convite. “Houve a negativa (por parte de Armínio para participar de um futuro governo). Até para não deixar as especulações crescerem. Mas ele está disposto a ajudar”, afirmou Aécio.