Valor econômico, v. 16, n. 3958, 08/03/2016. Especial, p. A12

Planalto contabiliza votos pelo arquivamento

Andrea Jubé

Thiago Resende

O Palácio do Planalto avalia que os últimos acontecimentos deram fôlego ao impeachment, mas o governo ainda contabiliza votos na base aliada para arquivar o processo. Líderes governistas também acreditam num quadro favorável à presidente Dilma Rousseff na Câmara. Mas, aliados, inclusive petistas, defendem uma intensificação da "agenda positiva", como o lançamento do Minha Casa, Minha Vida 3 e medidas de estímulo econômico. Uma forma de contrastar com ma- nifestações pela saída de Dilma.

A leitura de que há votos suficientes para barrar o impeachment, contudo, pode ser revista após as manifestações de domingo. O monitoramento das redes sociais feito pelo governo já detectou maior adesão aos convites para os protestos depois da condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vazamento da delação de Delcídio do Amaral (PT-MS) - a primeira delação que envolveu diretamente a presidente.

Há duas preocupações na ordem do dia no Planalto. A primeira é com o risco de focos de violência e confrontos entre manifestantes contrários ao governo e a militância governista, principalmente ligada ao PT e aos movimentos sociais. Embora não haja uma convocação formal da Frente Brasil Popular (que reúne 60 entidades pró-governo, como PT, PCdoB, MST, CUT e UNE), para que seus filiados confrontem oposicionistas no domingo, o governo receia episódios de violência, que acabariam agravando a crise política.

Ontem, os ministros Jaques Wagner, da Casa Civil, e Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, reuniram-se com o presidente do PT, Rui Falcão. Eles pediram a Falcão que ajude a evitar que militantes entrem em confronto com manifestantes no domingo.

 

Em outra frente, Wagner e Berzoini intensificaram as articulações para preservar os aliados junto ao governo. O foco principal é o PMDB. Berzoini reuniu os seis ministros da sigla ontem. E Wagner procura o vice-presidente Michel Temer. O governo teme o crescimento da ala oposicionista da sigla, que defenderá o desembarque da base aliada na convenção de sábado, véspera dos protestos.