Mais de 2 milhões voltam a buscar trabalho e taxa de desemprego sobe

Camilla Veras Mota e Robson Sales 

30/09/2015

O enfraquecimento da atividade econômica neste ano tem levado um número cada vez maior de trabalhadores a procurar por uma vaga - venham eles do grupo dos até então inativos ou dos recém-demitidos. Esse movimento aparece de forma expressiva na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua referente ao trimestre encerrado em julho, em que a força de trabalho registrou a maior alta da série do levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2,1% em relação ao mesmo período de 2014 - o que corresponde à entrada de 2,064 milhões de pessoas no mercado de trabalho.

O número de postos abertos nesse intervalo, 255 mil, foi insuficiente para dar conta da demanda, levando a taxa de desemprego de 6,9% para 8,6%. A diferença de 1,7 ponto percentual entre os dois níveis é também a maior apurada pela série da Pnad Contínua, que começa em 2012. O movimento é semelhante ao da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), hoje o indicador oficial.

A absorção de parte dos desempregados por categorias mais precárias da ocupação impediu um aumento maior do taxa, ressalta Bruno Campos, da LCA Consultores. O volume trabalhadores por conta própria cresceu 4,2% sobre o mesmo trimestre de 2014. Na contramão, os postos com e sem carteira assinada recuaram 2,5% e 1,8%, somando mais de um milhão de cortes.

Mesmo com a "ajuda", a ocupação avançou timidamente, reiterando o efeito da desaceleração da atividade sobre o mercado de trabalho em 2015 - 0,3% sobre o mesmo intervalo do ano passado, nível semelhante ao dos dois trimestres móveis anteriores, 0,2% naquele encerrado em junho e 0,3% no terminado em maio.

Valor econômico, v. 16, n. 3852, 30/09/2015. Brasil, p. A2