Título: Acordos pela vaga do TCU
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 20/08/2011, Política, p. 8

Campanha na Câmara para escolha do novo ministro passa pelo cenário eleitoral de 2012 e 2014

Com seis deputados em plena campanha na Câmara para ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), os apoios que cada candidato vêm recebendo ganham contornos que vão além da simples definição do nome que assumirá a vaga deixada pelo ministro Ubiratan Aguiar e das relações pessoais dentro da Casa. Ingredientes como as eleições de 2012 e gestos de apreço com nomes promissores para 2014 no plano nacional e estadual passaram a influir no sabor da conquista dos votos. A líder do PSB, deputada Ana Arraes (PE), por exemplo, recebeu o aval de um grupo expressivo do PSDB, num movimento que pretende servir de reforço aos laços que unem o filho dela, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e os tucanos.

O PSDB tem começado a tratar a aliança entre o PMDB e o PT como um casamento indissolúvel, uma vez que os peemedebistas tem Michel Temer na Vice-Presidência da República e tiveram a prerrogativa de indicar o sucessor de Wagner Rossi, diferentemente do que ocorreu com o PR. Nesse sentido, avaliam os tucanos, não há lugar para Eduardo Campos numa chapa majoritária à Presidência da República.

Outro candidato que conseguiu votos recentemente por conta das eleições que vem pela frente foi o líder do PTB, Jovair Arantes (GO). Ele tem como um dos principais cabos eleitorais o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). Caiado tem pretensões de alçar voos políticos mais altos em 2014. E o apoio do conterrâneo petebista pode ser valioso na hora do voto.

O candidato do PMDB, deputado Átila Lins (AM), fez um movimento inverso. Cobrou que o líder Henrique Eduardo Alves (RN) apoiasse alguém do partido quando vários peemedebistas estavam na disputa: "Não dá para querer ser candidato a presidente da Câmara sem apoiar um nome do partido". Aldo Rebelo (PCdoB-SP), último a ingressar na disputa, tem recebido sinais de que teria o apoio do governo federal e há no PT paulista um grupo que vê na candidatura dele a chance de trocar alguns votos no plenário por uma aliança com os comunistas nas eleições de 2012 e 2014. Sérgio Barradas Carneiro (PT-BA), por sua vez, já pediu que o governo fique fora dessa campanha: "Gostaria de uma manifestação do governo dizendo que não irá interferir na escolha do candidato".