Drama de refugiados continua sem perspectivas de solução

18 jun 2015

Enquanto cresce o fluxo de diásporas causadas por conflitos diversos, países europeus não chegam a consenso sobre como acolher esses imigrantes

Acrise humanitária gerada pelo fluxo crescente de pessoas forçadas a buscar refúgio em outras regiões tornouse um problema que exige uma atuação coordenada internacionalmente pelos governos e instituições multilaterais, como o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados. Estima- se que em todo o mundo mais de 50 milhões de pessoas tenham sido deslocadas para outras regiões, em seus países, ou expulsas para o exterior, devido a perseguições políticas, étnicas ou religiosas ou a calamidades como seca e doenças.

E o número cresce a cada ano. O Papa Francisco chamou a atenção para o problema ontem, na tradicional audiência geral no Vaticano, cobrando ações da comunidade internacional e pediu perdão a Deus “pelas pessoas e instituições que fecham as portas a imigrantes”.

A situação desses refugiados é tão dramática que muitos deles preferem arriscar a vida em jornadas perigosas, nas mãos de traficantes de pessoas. O exemplo mais recente no noticiário internacional é o drama dos rohingyas, uma minoria muçulmana, tentando chegar aos países do Sudeste da Ásia para escapar de perseguições em Mianmar. Abandonados pelos contrabandistas, eles ficaram semanas à deriva no mar, enquanto os governos da região decidiam o que fazer. Por fim, Malásia e Indonésia os acolheram, porém temporariamente.

Este ano, cerca de duas mil pessoas morreram em naufrágios no Mar Mediterrâneo, tentando chegar à Europa. Levados clandestinamente em precárias embarcações por traficantes, esses refugiados partiram em sua maioria da Líbia, onde a desestruturação das instituições políticas transformou o país numa terra sem lei e ordem, porto seguro para máfias distintas e terroristas. Para lá se deslocam populações inteiras em fuga do avanço do Estado Islâmico no Iraque e na Síria; da guerra civil síria; dos bombardeios no Iêmen; da ameaça do Boko Haram, na Nigéria, de conflitos étnicos e religiosos em vários países, entre outras deflagrações na África e no Oriente Médio.

Destino principal dessas diásporas, a Europa se divide sobre o que fazer com os imigrantes. Recentemente substituiu o programa Mare Nostrum, com ênfase no acolhimento de refugiados, pelo Projeto Triton, de cunho mais defensivo, voltado para conter a imigração ilegal e a entrada de terroristas. Isso não resolveu o problema da Itália, porta de entrada preferida dos refugiados. O país vem cobrando de seus pares uma política conjunta do bloco.

As discussões chegam agora ao Conselho Europeu. Porém, as posições são inconciliáveis. A Espanha alerta que seu nível de desemprego é muito alto para acolher refugiados. Pressionados pela crise econômica do bloco, países como Alemanha, França e Reino Unido apertam o cerco a imigrantes. E o drama nas fronteiras só aumenta.