O globo, n. 29871, 20/05/2015. Opinião, p. 17

Desafios do comércio

ALDO GONÇALVES Aldo Gonçalves é presidente do Clube de Diretores Lojistas do Rio e do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro

Varejo está passando por rápidas mudanças

Oesforço despendido pelos setores produtivos da economia nacional na correção de rumos — com o objetivo de adequá-los para enfrentar os desafios da competição no mercado — continua exigindo sacrifícios, renúncias e muita determinação para consolidar, definitivamente, as difíceis conquistas alcançadas ao longo dos anos.

Este quadro — aliado às sérias consequências dos ajustes da economia promovidos pelo governo e ao encolhimento das atividades produtivas, com profundos reflexos na atividade comercial — impediu o setor produtivo de obter os almejados resultados de eficiência no campo operacional.

Não podemos perder de vista que, no caso específico do comércio, além de tudo isso, o setor já vinha sofrendo os efeitos da desaceleração econômica, especialmente no ano passado. E viu a situação agravar-se embalada com os últimos acontecimentos e denúncias de corrupção em diversas áreas, culminando com o caso Petrobras, cujas consequências são de difícil previsão.

A análise desapaixonada deste período mostra que, apesar desse quadro, alguns objetivos foram alcançados, com avanços de qualidade e competitividade. Mas, de outra parte, ações tiveram que ser interrompidas, metas não foram atingidas e medidas duras e necessárias tiveram que ser tomadas à luz do conturbado cenário que aí está.

Não devemos, porém, fechar os olhos a uma nova realidade, para a qual vamos ter que estar muito bem preparados. O comércio varejista, mercado onde atuamos, está se transformando a uma impressionante velocidade, mais rápida e dinâmica do que nunca. Prova disso é que alterou-se radicalmente nos últimos anos, tirando do ar tradicionais empresas que jamais poderíamos imaginar que deixariam de existir. A competição é contínua e feroz e as mudanças constantes.

Essa situação coloca desafios e grandes oportunidades para todos os empresários lojistas. O setor deve se adaptar a esse ambiente de mudanças radicais e ser mais ágil e flexível do que nunca. Deve antecipar urgentemente o perfil que as empresas terão no futuro e começar a evoluir antes dos eventos e dos nossos concorrentes.

É importante explicar com bastante transparência para a força de trabalho e para os consumidores as mudanças e as ações que se pretende implementar. Mostrar que as únicas coisas que não devem mudar é o compromisso com o atendimento e a qualidade na prestação dos serviços aos nossos clientes. Estes valores representam a essência do comércio varejista e deles não podemos e nem devemos abrir mão.

Os setores produtivos estão diante de desafios atuais e de outros que virão a curto prazo. Os atuais estão relacionados à situação política, econômica e financeira que o nosso país vem atravessando. Temos que torcer para que eles sejam logo superados. Os desafios de curto e médio prazos estão relacionados às mudanças dentro da nossa atividade, que também precisam ser considerados e que vêm sendo agravados com os últimos acontecimentos. E corrigir esses rumos é preciso.