A economia do Distrito Federal está fragilizada. Em janeiro, houve queda de 14,34% nas vendas dos setores de Comércio e de serviços em relação a dezembro, uma das maiores já registradas para o período, segundo dados da Federação do Comércio (Fecomércio). O Índice de Confiança da Indústria teve o pior resultado da série histórica e ficou em 43,3 pontos de uma escala de 100. A diminuição da confiança dos empresários na força produtiva local e o decreto do GDF que extinguiu os cargos comissionados contribuíram para o aumento da taxa de desemprego, que ficou em 12% - 0,3 ponto percentual a mais em relação ao mês de dezembro.

A construção civil foi o segmento que mais dispensou mão de obra e 7 mil postos de trabalho foram excluídos. 

A crise econômica instalada no país e no Governo do Distrito Federal preocupa o setor produtivo. No DF, em especial por conta da dependência do setor público. A alta dos juros; o aumento no preço de serviços públicos, como energia elétrica e abastecimento de água; e dos alimentos têm deixado o consumidor receoso. "A elevação dos juros contribui para a queda do consumo porque ninguém quer usar crédito, assim como uma inflação alta assusta por causa dos preços. Soma-se a isso o fato de muitos servidores do GDF estarem sem receber.

As pessoas passam a se preocupar mais com o orçamento doméstico e consomem menos", afirma Adelmir Santana, presidente da Fecomércio. 

Ele explica que, embora a queda de vendas entre dezembro e janeiro seja natural por causa do calendário do Comércio - o mês do Natal é o melhor para as vendas - neste ano, a diminuição, de 15,68%, foi mais expressiva do que no mesmo período do ano anterior. "Lembrando que a gente já vem de um dezembro ruim, a queda de janeiro deste ano é mais significativa", alerta. De dezembro de 2013 para janeiro de 2014, a queda foi de 8,94%, 6,74 pontos percentuais menos do que o registrado em 2015.



Na construção civil, os lançamentos caíram de 3.219 unidades em 2013 para 2.330 em 2014, e o setor não está otimista com possíveis melhoras. "Temos um cenário de incertezas: juros altos, o que diminui a procura por crédito imobiliário e repercute nas vendas; menos obras públicas e a falta de pagamento do GDF para as empresas, que estão com bastante dificuldades", explica Adalberto Júnior, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF. "Além disso, os acordos coletivos deixaram a mão de obra cara. Para fechar, os empresários que querem investir têm dificuldade com a burocracia.

Por isso, tantas demissões", complementa. De dezembro para janeiro, a redução de postos de trabalho no setor foi de 8,4%. 

Sem emprego 

O corte de 3 mil vagas na administração pública também impactou no emprego local em janeiro. Formada em Letras e cursando sua segunda faculdade, Mariana Batelli, 29 anos, trabalhou como funcionária comissionada de janeiro a dezembro de 2014. Agora, está à procura de emprego. Com o dinheiro que recebeu das férias e do último salário, Mariana controla os gastos. "Também tenho uma pequena poupança, mas, caso não consiga nada, vou precisar contar com a ajuda do meu avô", preocupa-se.



 Para Adalgiza Lara Amaral, coordenadora da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), ainda é cedo para relacionar a crise do GDF à queda no emprego. Mas ela admite que o cenário não é favorável. "A gente percebe que a tendência é de o desemprego subir porque as vagas temporárias remanescentes vão desaparecer", acredita. A PED é feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com a Companhia de Planejamento do DF. 

Os índices de janeiro 

 Desemprego 

Taxa geral de desemprego: 12% 
Taxa de desemprego entre os jovens de 16 a 24 anos: 27,8% 
Setores que mais demitiram: construção civil (-8,4%), administração pública (-1,5%), Comércio (-0,8%) 
Setor que empregou: indústria (+ 2%) 

 Números do Comércio 

Vendas e serviços: -14,34% 
(em relação a dezembro de 2014) 
Setores em baixa: calçados 
(-46,12%), casa de eventos 
(-46,12%), vestuário (-38,52%), loja de utilidades domésticas (-24,04%) 
Setores em alta: academia (+15,22%), agência de viagem (+9%), autoescola (+5,94%).



 Arrecadação tributária 

Janeiro de 2014: 

R$ 920,3 milhões 

Janeiro de 2015: 

R$ 1,02 bilhão