O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, prevê que o consumo de energia do país cairá 5% neste ano, em comparação com o ano passado. A projeção foi feita ontem, durante entrevista ao portal Canal Energia, especializado no setor elétrico.
"Em 2014, tivemos quase 65 mil MW [megawatts] médios, estávamos imaginando que seriam quase 66 mil MW médios e a gente acha que, hoje, os estudos indicam uma redução para entre 62 mil a 63 mil MW médios", disse o ministro. Assim, a redução esperada seria de 3% a 5% em 2015.
Segundo Braga, a redução deve ser alcançada devido à campanha publicitária que o governo federal iniciará em 10 de março, para estimular o uso racional de energia, além do impacto do "realismo tarifário" no comportamento dos consumidores.
A projeção oficial do governo, fruto de análises feitas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em meados de 2014, ainda é de um crescimento de 3,2% do consumo em 2015, em comparação com o ano anterior. No setor, porém, é dado como certo que essa estimativa será revista.
Braga afirmou também ontem que o terceiro empréstimo bancário concedido às distribuidoras de energia elétrica será no valor de R$ 3,1 bilhões e não mais R$ 2,6 bilhões. Os recursos serão usados pelas concessionárias para bancar as despesas dos meses de novembro e dezembro de 2014. Segundo o ministro de Minas e Energia, as negociações com as instituições financeiras têm avançado. Inicialmente, o cálculo do financiamento não considerava o fechamento das despesas de dezembro, nem a atualização pela taxa Selic.
No ano passado, as distribuidoras tiveram acesso a outros dois empréstimos bancários, no total de R$ 17,8 bilhões, que somente cobriram as dívidas até outubro do ano passado. Braga informou que a possibilidade de alongamento da forma de pagamento dessa dívida, que pode aliviar as tarifas de 2015, também está sendo fechada com o setor bancário.
Ontem, o ministro se reuniu com a presidente Dilma Rousseff para tratar da crise do setor elétrico e os rumos da indústria do petróleo no país. Para o governo, apesar da ligeira recuperação do nível dos reservatórios das hidrelétricas nos últimos dias, a situação ainda requer cautela.
O ministro assegurou que o governo federal adotará medidas de estímulo ao uso consciente de energia e à modalidade de geração distribuída, em que consumidor com geração própria destina a carga excedente ao sistema para obter desconto no valor da conta de luz.
Sobre o setor de petróleo, Braga disse que discutiu com a presidente a situação de segurança das plataformas de petróleo e a realização da 13ª rodada de licitação de blocos exploratórios, programada para o segundo semestre. Para ele, o leilão será importante para manter indústria de petróleo mobilizada e mostrar o potencial de investimentos no setor.
Apesar de a Petrobras enfrentar dificuldades relacionadas às investigações da Operação Lava-Jato, Braga afirmou que a companhia não será obrigada a entrar na concorrência por não se tratar das reservas do pré-sal.
"A Petrobras pode participar, mas o leilão não é voltado para atender a ela", disse o ministro de Minas e Energia. Sobre o movimento de venda de ativos pela estatal, Braga afirmou que a iniciativa já estava prevista entre as prioridades do programa de desinvestimento da companhia.