As gêmeas Erika e Narayana Reinehr abriram uma clínica de nutrição assim que saíram da faculdade
Brasília é a capital dos concursos públicos, mas, no que depender dos moradores, a região tem tudo para se tornar um excelente polo da iniciativa privada. Existem 177.659 micro e pequenos empreendedores no DF — 20.324 a mais do que no ano passado. O valor dos negócios de pequeno porte não deve ser subestimado: dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revelam que, juntas, as 9,3 milhões de micro e pequenas empresas no Brasil representam 27% do Produto Interno Bruto (PIB), mais de um quarto da média do país — número que vem crescendo nos últimos três anos.
A novidade é que, segundo pesquisa feita em setembro pela Junior Achievement, mulheres encabeçam os pequenos negócios na capital federal. Líderes do sexo feminino somam 63% do total de microempresários na capital. “Homens ainda lideram os rankings de empreendedorismo no Brasil, mas a expressividade desses números demonstra que mulheres estão se tornando cada vez mais competitivas e atuantes”, diz Ananda Carvalho, coordenadora nacional da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje). “A tendência é de que o número cresça.”
Especialista em expansão empresarial, Lorena Bitancourt atribui o crescimento de mulheres investidoras à força do mercado interno brasileiro estruturado pela expansão da classe média. “Gerenciar a própria empresa possibilita que elas consigam conciliar atividades da vida familiar com o trabalho, o que não quer dizer que elas trabalhem menos. Apenas ganham autonomia para escolher seus horários.”
É o caso de Thalita Cesário, 27 anos, proprietária de uma loja de produtos eróticos, a Sensualité. Poder trabalhar com flexibilidade e obter retorno financeiro foi o que motivou a administradora e sexóloga a empreender. “Em Brasília, ter a coragem de seguir um caminho oposto ao do funcionalismo público é desafiador. Nesse sentido, acho que nós, mulheres empreendedoras, somos transgressoras”, defende. Realizada, a profissional afirma que contou com o apoio do marido para dar o pontapé inicial no projeto. “Em outro ramo, eu não teria tido a oportunidade de explorar todo o meu rol de conhecimentos em gestão e, ao mesmo tempo, me dedicar a uma atividade de que gosto”, conta.
As gêmeas Erika e Narayana Reinehr, 35 anos, abriram a clínica Salute, voltada para nutrição esportiva, há 14 anos, quando tinham acabado de concluir a faculdade. Quem teve a ideia foi Erika que, além de nutricionista, é atleta. “Foi o meu interesse pelos esportes que me estimulou a abrir uma clínica de nutrição e saúde”, diz. Apesar de terem prosperado, Erika conta que só sete anos após a inauguração da clínica é que as irmãs participaram de capacitações voltadas ao empreendedorismo. “Hoje em dia, a gente nota que os cursos do Sebrae fizeram diferença. Quando começamos, não tínhamos experiência alguma no negócio, mas a bagagem que adquirimos ao longo dos anos iniciais fez diferença”, ressalta Erika. Com planos de expandir o negócio, as nutricionistas contam com seis funcionários em seu consultório.
Quebrando paradigmasO nível acadêmico e a idade também são fatores determinantes para os empresários do Distrito Federal: 70% dos micro empreendedores da região possuem curso superior completo — quantidade maior que a média da população brasileira que é de 40% — e 58,8% dos microempresários tem menos de 35 anos. Devido ao interesse por atividades esportivas, Cayo Costa, 22 anos, recém-formado em administração empresarial, decidiu abrir a rede de suplementos Pump. Atualmente, o estabelecimento conta com nove funcionários, divididos em três lojas no Plano Piloto. A fim de expandir os conhecimentos empresariais, Cayo participou de eventos e cursos pró-empreendedorismo. “O curso Empretec do Sebrae me ajudou a pensar mais como administrador, a saber lidar com as dificuldades do negócio e a aprender estratégias de mercado”, relembra.
Recém-formado em administração, Cayo abriu e comanda três lojas de suplementos esportivos