A 10 dias do fim do ano e antes dos pedidos para 2015, a presidente Dilma Rousseff tem pela frente uma das tarefas mais complicadas da gestão. Ao fazer uma reforma ministerial "em partes", a definição de 34 nomes do primeiro escalão ficou para a última hora. Nesta semana, Dilma terá o desafio de atender aos pedidos do PMDB sem, contudo, esbarrar em nomes citados nas denúncias da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. O Palácio do Planalto ainda se preocupa com as manifestações previstas para a posse da petista em 1º de janeiro, em Brasília.

A organização nacional do PT quer contar com um grande número de entusiastas da presidente, frente ao eventual cancelamento da festa de réveillon, que deveria ser promovida pelo Governo do Distrito Federal. Dos 39 ministros, apenas cinco nomes estão definidos. Além da equipe econômica - formada por Joaquim Levy (Fazenda), Armando Monteiro (Desenvolvimento), Nelson Barbosa (Planejamento) -, foram acertados Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) e Kátia Abreu (Agricultura).

Cabe à Dilma ainda decidir se vai atender aos desejos do PMDB, que pede seis cadeiras, uma a mais em relação às ocupadas no primeiro mandato. Atualmente, o partido controla Minas e Energia, Previdência Social, Agricultura, Turismo e Aviação Civil, mas está de olho no Ministério da Integração Nacional, também cobiçado pelo Pros - atual mandatário da pasta - e pelo PP.

A equação ministerial ficou ainda mais complicada com a revelação da lista de 28 políticos citados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como beneficiários do esquema de corrupção na estatal, conforme revelou o jornal O Estado de São Paulo. Um nome que era antes cotado como o do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tem menos força de entrar na escalação de Dilma. Também citado na Operação Lava-Jato, o ministro de Minas e Energia Edison Lobão é outro que deve deixar o governo. Peemedebistas dizem, no entanto, que Lobão já havia demonstrado a vontade de deixar o cargo, assim como Garibaldi Alves (PMDB-RN), chefe da Previdência.

Receios
A equipe de Dilma Rousseff também teme a mobilização nas redes sociais para eventos contra a posse da presidente. O ministro da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, enfatizou o interesse do PT em ter um número grande de entusiastas na festa do 1º de janeiro, na Praça dos Três Poderes. "Achamos que, se botarmos só 10 mil pessoas na praça, é um convite para que o outro lado faça uma provocação. Se botarmos bem mais gente que isso, eu duvido que alguém vai querer fazer alguma provocação", disse Carvalho, na semana passada. O receio é que a ausência da celebração popular na noite de 31 de dezembro poderá esvaziar a festa da posse de Dilma.

Na sexta-feira, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) acatou o pedido da liminar do Ministério Público impedindo que qualquer contrato seja assinado ou pagamentos sejam feitos pelo GDF em pregões eletrônicos da organização da festa. Para contornar o problema, o PT nacional já está planejando alternativas de entretenimento para os que vieram para Brasília no dia 31. Para fechar o rosário de Dilma, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil, filiada à CUT, promete manifestações "surpresas" nos aeroportos do país.

A escalação
O que Dilma definiu até agora

Ministério da Fazenda
» Joaquim Levy

Ministério do Planejamento
» Nelson Barbosa

Ministério do Desenvolvimento
» Armando Monteiro

Secretaria-Geral da Presidência
» Miguel Rossetto

Ministério da Agricultura
» Kátia Abreu