Telefônica, dona da Vivo, usou a Telesp para oferecer serviços de telefonia fixa sem autorização em São Paulo A Telefônica voltará a enfrentar hoje um antigo processo de fiscalização aberto pela Agência Nacional de Telecomunicações (Aneel) que causou profundo constrangimento à companhia há cinco anos. Naquela ocasião, a prestadora foi multada pelo órgão regulador no valor de R$ 30 milhões por manter "atividade clandestina" por meio da então subsidiária A.Telecom. O relatório de fiscalização, obtido pelo Valor, indica que a Telefônica, por meio da concessionária Telesp, usou a coligada existente à época para oferecer serviços de telefonia fixa sem autorização em São Paulo. A pequena empresa, que deixou de existir após reestruturação societária, detinha apenas uma licença para a oferta de serviços de internet. Na avaliação dos fiscais da Anatel, a rede clandestina foi estruturada para driblar exigências regulatórias, o que resultou no envio de representação à Polícia Federal. Agora, o assunto voltará a ser analisado junto com o pedido da prestadora para assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O objetivo da operadora é transformar o valor da sanção em investimentos. O assunto está na pauta de hoje do conselho diretor da autarquia. O regulamento de TAC da Anatel foi aprovado em dezembro de 2013. Um mês depois, a Telefônica entrou com a proposta para celebrar este acordo. A Superintendência de Fiscalização da agência rejeitou o pedido, que foi remetido ao comando do órgão regulador. Para a superintendência, não restaria conduta a ser ajustada, em eventual celebração de TAC, a partir do instante em que a Telefônica informou que teria corrigido as irregularidades em 2009. Ao contestar a tese da fiscalização já neste ano, a operadora defendeu o princípio da "conveniência e oportunidade" do acordo em prol do interesse público, pois caberia ainda a possibilidade de adotar "medidas compensatórias que tragam benefícios efetivos à coletividade". A Anatel soube da atividade clandestina por meio de denúncia dos próprios usuários em 2007. O resultado da fiscalização só veio em 2009 com a aplicação da penalidade. O processo diz que a "atividade clandestina da A.Telecom representava um rompimento evidente com o modelo regulatório de prestação do serviço telefônico com benefícios diretos para sua controladora Telesp". Além disso, ressalta que seria "razoável considerar que a atitude associada das empresas buscava o fechamento do mercado à concorrência em setor altamente rentável". Com a A.Telecom à frente dos serviços de telefonia fixa, a operadora deixou de cumpriu obrigações atreladas à concessão de serviço público de responsabilidade da Telesp. Além disso, o processo de fiscalização relata que a atuação irregular abrangia 23.504 endereços, que estavam "à margem de uma proteção regulatória". Os técnicos da agência ressaltaram ainda que a irregularidade na qual foi flagrada a Telefônica "não guarda proporção com as outras situações de clandestinidade já observadas". Na visão dos técnicos da agência, a estratégia pôde ser adotada naquela ocasião por priorizar o atendimento do mercado corporativo, que oferecia maiores margens. Segundo os dados levantados pela Anatel, as receitas obtidas pela a A.Telecom com a prestação do serviço de telefonia fixa sem autorização rendeu o total de R$ 841,9 milhões somente em 2009. Procurada, a Telefônica informou que não se pronunciaria até a decisão final do órgão regulador.
A Telefônica deverá ter 18 meses para se desfazer de seu investimento na Telecom Italia. Até lá, continuam suspensos seus direitos políticos na empresa italiana e em sua subsidiária TIM Brasil, disse o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende. Isso significa que a Telefônica não pode participar de qualquer decisão estratégica da Telecom Italia ou participar de seu conselho de administração.
Essas regras já vinham sendo seguidas pela empresa espanhola. Agora estão sendo reforçadas porque a Telefônica ainda não resolveu a questão societária e precisa de aprovação da Anatel e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para seguir em frente com a compra da GVT.
O grupo espanhol tem dois investimentos diferentes na empresa italiana. Em uma frente, detém 6,4% do capital da Telecom Italia. Em outra, é acionista por meio da Telco, holding que está em fase de liquidação e que detinha 22,4% da Telecom Italia.
A Telefónica já adotou iniciativas para sair do investimento na Telecom Italia. Com o fim da Telco, ficará com 8,3% do capital votante atual da Telecom Italia (equivalente a 5,7% do seu capital social), em troca de 4,5% do capital que a Vivendi receberá da sociedade resultante da combinação da Telefônica Brasil e GVT e que representam todas as ações ordinárias e parte das preferenciais (representativas de 0,7% de tal classe de ações) recebidas pela Vivendi.
Para se desfazer dos 6,4%, a Telefónica fez uma emissão de € 750 milhões na Europa, dando as ações que possui da Telecom Italia como lastro em debênture conversível mandatória. O título vence em 24 de julho de 2017, com 6% de juros acumulados por ano. Ao fim do processo, quem investiu ficará com as ações da Telecom Italia.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) rejeitou acordo para encerrar processo administrativo sancionador contra Zeinal Bava, ex-presidente da Oi. O processo foi aberto por conta de declarações dadas por Bava à imprensa em março, enquanto a Oi dava andamento a sua oferta pública de ações. Esta operação era uma das etapas da fusão com a Portugal Telecom (PT).
Na época, a oferta da Oi chegou a ser suspensa pela CVM, em função da violação, por Bava, do período de silêncio que envolve essas operações. Bava propôs à CVM pagar R$ 500 mil para que o processo não fosse levado adiante.
Em sua defesa, disse que as informações que comentou com a imprensa já eram de conhecimento do mercado desde outubro de 2013. Alegou também que, no dia em que as declarações foram publicadas, o período de reserva da oferta não havia começado. A Oi, após receber ofício da CVM, divulgou fato relevante informando que os investidores não deveriam considerar em sua decisão de investimento as reportagens veiculadas na mídia.
A procuradoria especializada e o comitê de termo de compromisso da CVM avaliaram que a proposta de Bava deveria ser aceita. Mas o colegiado vetou o acordo. A justificativa é o fato de estar em andamento um processo que investiga a fusão entre Oi e PT. Meses depois da conclusão da oferta, o mercado ficou sabendo que a PT havia perdido € 897 milhões de seu caixa, por conta de aplicações feitas na Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo (GES), um de seus acionistas. Com isso, os termos da fusão mudaram, Bava saiu da empresa e, agora, a Oi prepara a venda da PT. A CVM investiga se os executivos da Oi tinham conhecimento da perda de caixa da PT antes do assunto vir a público.