O aumento da produtividade do trabalhador brasileiro é um dos principais requisitos para o crescimento sustentado da economia. No Brasil, esse indicador de eficiência equivale a apenas um quinto do observado nos Estados Unidos, por exemplo. Nos países do Brics (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), só é superior ao dos indianos. A Coreia do Sul tem um índice três vezes maior; e a Alemanha, quatro vezes.

A longo prazo, a educação de boa qualidade é o caminho para o país se tornar mais produtivo e competitivo, enfrentar a concorrência estrangeira e conquistar espaço nos mercados interno e externo, sobretudo em serviços de maior valor agregado. Segundo estudos internacionais, um ano adicional na escola equivale a um aumento de até 10% na produtividade.

Na formação básica, o Brasil deve melhorar o ensino de matemática, português e ciências, disciplinas cujo domínio é essencial na compreensão de tecnologias e em inovação nas empresas. Na educação profissional, passaporte para o primeiro emprego, a tônica deve ser de valorização e expansão.

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) é o mais significativo esforço já realizado, no Brasil, para impulsionar a educação profissional. Trata-se de uma ação estratégica voltada à qualificação dos trabalhadores brasileiros, contribuindo para fortalecer a indústria e os demais setores da economia.

Cerca de 70% dos cursos no âmbito do Pronatec são de qualificação profissional, em que predominam treinamentos com até 400 horas de duração. Juntos, os serviços nacionais de aprendizagem (Senai, Senac, Senar e Senat), entidades privadas ligadas à indústria, ao comércio, à agricultura e aos transportes registraram 73% das matrículas do Pronatec até agosto.

Nesse período, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) alcançou mais de 3 milhões de matriculados no programa. O número corresponde a cerca de 40% dos 8 milhões de alunos registrados. O Senai oferece 426 cursos em 2.237 municípios brasileiros, sendo 41% nas regiões Norte e Nordeste.

A expansão da educação profissional nos últimos anos foi possibilitada pela maior oferta de vagas no ensino técnico em geral, e o Pronatec tem contribuído decisivamente para isso. Estamos na direção correta, mas ainda temos muito a caminhar.

Segundo o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Educação Profissional, os países da União Europeia tinham, em 2010, 49,9% dos estudantes do ensino secundário, em média, também matriculados em cursos profissionalizantes. Na Áustria, que registra o índice mais alto, esse número é de 76,8%. Finlândia (69,7%) e Alemanha (51,5%) vêm em seguida. No Brasil, em 2013, eram só 7,8%.

O Senai é uma das instituições que oferecem o ensino técnico de forma concomitante, e também subsequente, à educação básica, trabalho em conjunto com o Serviço Social da Indústria (Sesi). Um levantamento do Senai acompanhou os alunos que terminaram os cursos em 2010 com o objetivo de analisar os impactos na sua capacidade de obter empregos.

De acordo com os dados, 72% dos ex-alunos conseguem trabalho no primeiro ano depois da formatura e têm renda média de 2,6 salários mínimos. Ainda no que diz respeito à remuneração, os trabalhadores aumentam em 24% os rendimentos um ano após obter o diploma de nível técnico.

Os cursos do Senai estão estruturados de forma a possibilitar o atendimento das necessidades dos trabalhadores na construção de sua carreira, conduzindo-os a níveis mais elevados de competência. Os módulos de ensino compõem um itinerário formativo, ação incorporada pelo governo no Pronatec 2, que começará no ano que vem.

Os benefícios dessa metodologia são o aproveitamento das disciplinas em novos cursos, o que permite acelerar a formação; a aquisição, ao longo do ensino, de qualificações e certificações intermediárias que possibilitam aos estudantes a inserção no mercado antes do certificado ou diploma final; e a padronização do currículo, o que lhes faculta a mobilidade entre diferentes escolas.

A experiência de mais de 70 anos do Senai em formação para a indústria é parte da equação que vai levar o Brasil, por meio da educação profissional, ao aumento da produtividade e da competitividade. Até hoje, a instituição capacitou mais de 60 milhões de pessoas. O investimento do governo em um programa estruturado com esse fim eleva o desempenho do setor industrial, e promove aumento de renda e da qualidade de vida. A ampliação dessa política, com o Pronatec 2, demonstra o esforço que o país faz para se desenvolver.