Pacote previsto para semana que vem inclui, entre outras, pastas como Agricultura, Comunicações e CGU

 

LUIZA DAMÉ E 
SIMONE IGLESIAS

 

-BRASÍLIA- Na semana que vem, antes mesmo da viagem para o Rio marcada para sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff deverá anunciar um pacote com pelo menos 12 ministros de seu segundo mandato, entre eles a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para a Agricultura. Desde a sua reeleição, foram confirmados apenas Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), Alexandre Tombini (Banco Central) e Armando Monteiro (Desenvolvimento). Esta equipe econômica deverá tomar posse assim que for concluída a votação do projeto que libera o governo do cumprimento da meta do superávit primário (economia para pagamento dos juros da dívida pública), prevista para terça-feira, no Congresso.

Antes de tomar posse no ministério, Kátia precisará ser reempossada na presidência da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) para, então, se licenciar e passar à Esplanada. No anúncio em bloco dos nomes, que deve ocorrer entre terça e quinta-feira, estarão os atuais ministros que serão confirmados no cargo e novos ocupantes das pastas. O atual titular do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, que foi coordenador da campanha de Dilma, irá para a Secretaria Geral, substituindo Gilberto Carvalho, fiel escudeiro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está sem destino certo. Gilberto já manifestou desejo de ir para a Funai.

Entre as novidades, o governador da Bahia, Jaques Wagner, deverá ser anunciado no Ministério das Comunicações, que ganharia corpo, passando a administrar as verbas de publicidade. Wagner teria a missão de tocar a regulação econômica da mídia, defendida pela presidente na campanha.

VALDIR SIMÃO NA CGU

Outra cara nova no primeiro escalão deve ser Valdir Simão, atual secretário-executivo da Casa Civil. Em uma articulação do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, Simão assumirá a Controladoria Geral da União (CGU), atualmente sob o comando do ministro Jorge Hage, no cargo desde junho de 2006. Com a ida de Rossetto para a Secretaria Geral, Dilma deverá indicar o novo ministro da pasta. A tendência é que seja o atual presidente do Incra, Carlos Guedes de Guedes.

A presidente deve confirmar que ficarão no mesmo cargo, além de Mercadante, Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Arthur Chioro (Saúde), Aldo Rebelo (Esportes), Moreira Franco (Aviação Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Ricardo Berzoini (Relações Institucionais). Embora o peemedebista Moreira esteja entre os que serão mantidos, os demais ministérios do PMDB ainda serão negociados com Michel Temer.

Nas articulações dos últimos dias, o PCdoB quase perdeu o Esporte, cobiçado pelo PMDB do Rio e pelo PT, por causa das Olimpíadas de 2016. Mercadante chegou a oferecer para o partido o Ministério da Cultura e a Secretaria de Assuntos Estratégicos em troca do Esporte, mas o PCdoB não aceitou e manteve apoio a Aldo, que não disputou as eleições para cuidar da Copa.

Dilma já conversou com o ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, e convidou-o para ficar. Ela está satisfeita com o desempenho de Afif. A dúvida é se será confirmado na próxima semana ou depois, quando o presidente do PSD, Gilberto Kassab, será anunciado em algum ministério. O ex-prefeito de São Paulo trabalha para comandar Cidades, pasta cobiçada por outros três partidos: PT, PMDB e PP.

Uma pendência importante é a Educação. O nome preferido de Dilma é o do governador do Ceará, Cid Gomes. Ele quer ser consultor no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), emplacando o irmão Ciro Gomes na Esplanada. Dilma resiste e espera uma resposta do governador. Se Cid não aceitar o convite, o governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel, gostaria que o deputado Reginaldo Lopes (PT) fosse indicado.

À LUZ DO DIA

NÃO PEGAM bem as supostas movimentações do grupo JBS para impedir a unção da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) como ministra da Agricultura. GRANDE TOMADOR do dinheiro público subsidiado distribuído pelo BNDES, o JBS não pode entender que sua condição de importante financiador da campanha à reeleição da presidente lhe dá poderes indevidos de interferir em qualquer nomeação em Brasília.

NEM, É claro, Dilma Rousseff deve se submeter a este tipo de pressão, sob risco de fragilizar a própria administração. Com isso, o JBS deve é ajudar a fortalecer Kátia Abreu na reforma ministerial. TUDO NESSA história reforça a necessidade de ser mantido na legalidade o financiamento de campanha por empresas. Se as doações voltarem a ser apenas no caixa dois, casos deste tipo ficarão nas sombras. SERÁ RUIM para o próprio financiado.