Título: Ações do setor elétrico são porto seguro do investimento
Autor: Filgueiras, Maria Luíza
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/08/2008, gazetainveste, p. B3

São Paulo, 18 de Agosto de 2008 - A estabilidade da operação e do caixa das empresas de energia elétrica tornam o setor um dos preferidos do momento entre analistas de investimento. Os custos de operação não são afetados pela inflação, já que os contratos são reajustados pelos índices de preço (especialmente IGP-M), o que traz alívio em tempos de aceleração de preços - o índice acumula alta de 15,11% em 12 meses, até julho. Pela maturidade das companhias, e dependência de leilões do governo para novos projetos, estão listadas entre as melhores pagadoras de dividendos da Bovespa. A AES Tietê, por exemplo, anunciou na última semana que repassará 100% do lucro obtido no segundo trimestre, montante de R$ 134 milhões, na forma de dividendos para os acionistas. A Eletropaulo, maior distribuidora de energia elétrica em faturamento da América Latina, apresenta um dos maiores índices de retorno (chamado dividend yield), de 6,5%, com distribuição de R$ 359,5 milhões a seus investidores no primeiro semestre - apesar do lucro líquido de abril a junho ter sido 42% inferior ao volume do mesmo período de 2007, como destacou a corretora Ativa em relatório. "O setor elétrico é um dos melhores da bolsa hoje em relação à segurança do investimento e também vem mostrando boa rentabilidade", destaca André Segadilha, gerente de análise da Prosper Corretora, que não considerava as empresas tão atrativas antes da volatilidade desencadeada por commodities, mesmo com os resultados operacionais saudáveis. "Mas agora os fundamentos do negócio colocam as ações em vantagem." Segundo Segadilha, as geradoras de energia têm apresentado desempenhos melhores este ano, em relação às distribuidoras, porque conseguiram expandir vendas no mercado livre com a falta de água no início do ano. O desempenho da carteira de energia se mantém positivo no acumulado deste ano, apesar da volatilidade do mercado. O Índice de Energia Elétrica (IEE), composto pelas 15 ações do setor com maior volume negociado na Bovespa, acumula valorização de 3,83% no ano (até dia 14/08), contra desvalorização de 13,69% do Ibovespa. Por isso são papéis chamados de defensivos ¿ que "se seguram" nas grandes oscilações. Consequentemente, as companhias apresentam valorização acima da média. Enquanto o valor de mercado das empresas que compõem o índice de energia saltou 428,99% de julho de 2003 (11 empresas) a julho deste ano (15 empresas), a evolução da carteira do Ibovespa foi de 387,24%, mesmo com um aumento bem superior em número de empresas (de 45 para 59 empresas hoje). "O setor é um porto seguro para quem quer evitar muita volatilidade. Pode ter ganho de capital menor (relativo ao preço da ação), mas realiza em dividendos", avalia Demilson Duarte, analista da Maxima Asset. "São grandes geradoras de caixa, já que a pior fase de endividamento ficou para trás, junto com o racionamento de energia e desaceleração econômica. A estrutura do setor é outra hoje." As companhias apontadas por Duarte como as mais sólidas e bem geridas são CPFL e Cemig. A companhia mineira também está nas destacadas pelo analista da Prosper (ao lado de Copel e Tractebel), e é citada no mercado entre as melhores do setor em relação a governança corporativa. Atuando na geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, o grupo Cemig tem ainda investimento em distribuição de gás natural e está construindo uma linha de transmissão de energia elétrica no Chile. Desde 2006, detém cerca de 25% da Light e tem participação acionária na Transmissora Brasileira de Energia. As quatro companhias indicadas pelos analistas, que ressaltam ainda o incremento médio de 5% ao ano no consumo de energia, fazem parte da carteira do IEE. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Maria Luíza Filgueiras)