Título: Contratações este ano devem superar recorde histórico de 1981
Autor: Filgueiras, Maria Luíza
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/08/2008, Gazetainveste, p. B3

A contratação de financiamento com recursos de caderneta de poupança para 128,4 mil unidades habitacionais no primeiro semestre do ano indica que o País vai quebrar o recorde do setor, registrado em 1981, com o empréstimo para 267 mil unidades no ano. Em relação ao mesmo período de 2007, o número representa um incremento de 58,9% em unidades contratadas, com alavancagem no mês de junho. "Foi um mês especial porque tivemos R$ 3,2 bilhões em financiamento, volume maior que o ano inteiro de 2004. No semestre, foram contratados R$ 12,9 bilhões em empréstimo para casa própria com recursos de poupança, batendo o ano inteiro de 2006", afirma Luiz Antonio França, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Em volume financeiro, trata-se de um avanço de 86,66% entre o primeiro semestre de 2007 e o mesmo período de 2008. A estimativa da Abecip é que o montante no ano com recursos de caderneta fique em torno de R$ 30 bilhões em todo o exercício. O volume aproximaria a participação do crédito imobiliário a 3% do Produto Interno Bruto (PIB), percentual que no ano passado era da ordem de 1,7%. "Em países em crescimento, como Chile, chega a 15% do PIB nacional e nos desenvolvidos ultrapassa 50%", ressalta França. "Em 1981, a população brasileira somava 119 milhões de habitantes, saldo que agora é de 184 milhões de pessoas. Se a contratação de financiamento imobiliário tivesse seguido o ritmo demográfico, estaríamos com 415 mil unidades por ano agora."Para a entidade, essa média não está distante de virar realidade, com a extensão dos prazos de pagamento e juros mais acessíveis ¿ já que a alta da taxa básica de juros (Selic) é considerada temporária. Amostra disso é a viabilidade da aquisição de imóvel de R$ 80 mil por família com renda mensal da ordem de R$ 3 mil. "Em 2004, esse imóvel só gerava financiamento para renda de R$ 12 mil e o prazo era de 10 anos, contra 20 anos agora." A cota média do financiamento sobre o valor do imóvel passou de 46,23% em 2004 para 58,84% hoje. Enquanto em 2002 o imóvel financiado tinha valor médio de R$ 124,9 mil, tem hoje R$ 147,8 mil. Para França, não se trata de valorização do mesmo metro quadrado ou menor acesso das classes de baixo poder aquisitivo, mas simplesmente da viabilidade de aquisição de unidades habitacionais de maior valor agregado. Lojas multimarcas A estabilidade econômica do País e as mudanças nas leis do setor de construção - especialmente a adoção de alienação fiduciária - continuam atraindo novos agentes para o mercado imobiliário. Duas empresas européias anunciaram a entrada no mercado brasileiro com um modelo inédito até este ano no Brasil ¿ as lojas multimarcas de crédito. A primeira estrangeira a chegar, a portuguesa Areas, inclui o crédito imobiliário como um dos produtos, e a Habix, do grupo Pádua, Serpa, que se apresenta hoje ao mercado, tem foco no segmento imobiliário e começa a operar em parceria com o Banco Real e Unibanco.