Título: Aos 200 anos, Banco do Brasil quer ampliar presença mundial
Autor: Filgueiras, Maria Luiza
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/06/2008, Finanças, p. B1

Mata de São João (BA), 20 de Junho de 2008 - O Banco do Brasil (BB) quer avançar com mais velocidade seu processo de internacionalização, para se caracterizar definitivamente como um banco global. Essa é uma das principais diretrizes da instituição financeira, discurso conjunto desde o banco de investimento (BBI) à Previ, o fundo de pensão. A atuação hoje restrita a agências e escritórios em 23 países, somando 42 pontos de atendimento, vai tomar nova dimensão com a liberação, pelas autoridades norte-americanas, da abertura de um banco de varejo ainda este ano. Mas a maior expectativa do mercado é em relação a captação nos Estados Unidos através de ADRs (American Depositary Receipts). Os recibos seriam de nível um, no mercado de balcão, logo no início do segundo semestre. Apesar do comentário geral na convenção de conselheiros da Previ, José Maria Rabelo, presidente do conselho deliberativo do fundo e vice-presidente de negócios internacionais e atacado do BB, não deu prazos para que essa emissão aconteça. "O banco considera a possibilidade de emissão de ADRs, mas isso não tem prazo e não esta detalhado. Quando estiver, será comunicado a CVM", diz. Ele ressalta, entretanto, o andamento acelerado para o início da operação, até o final do ano, de um banco de varejo nos Estados Unidos, cujo capital inicial será da ordem de US$ 40 milhões. "Já temos a autorização do Banco Central e aguardamos apenas a licença de operação como Federal Savings Bank", afirma Rabelo. Sob o nome de Banco do Brasil FSB, a instituição já tem presidente definido no plano de negócios, mas o nome não é revelado. Sediado em Nova York, o foco será a comunidade brasileira que vive nos Estados Unidos e busca conta poupança, remessas e empréstimo. "Hoje a presença do BB nos Estados Unidos é basicamente no atacado e na pessoa física de alta renda, em Miami", diz. O banco tem atualmente duas agências, em Miami e Nova York, um escritório em Washington e uma corretora ("broker dealer") também em Nova York. O presidente da Previ, Sérgio Rosa, destaca também a transação do fundo com players internacionais, referindo-se a negociação com o Citibank na venda da Brasil Telecom a Oi. "Os bancos americanos tinham uma visão avessa a parcerias com fundos de pensão no Brasil. A imagem que os bancos tinham era de pouca transparência e foco na política interna do que em criar valor aos acionistas, mas foi alterada", diz Rosa. O Banco do Brasil começou a operar em outros países em 1941, com a primeira agência em Assunção, no Paraguai. No Japão, estreou em 1970 e hoje mantém ali sete agências bancárias e atuação no mercado de capitais. Na semana passada, abriu escritório de representação, para captação de recursos e atendimento, em Dubai e Seul. Ao mesmo tempo, a instituição espera bater recordes de financiamento ao comércio exterior. "Em 2007 tivemos uma média de US$ 1 bilhão por mês em ACC (Adiantamento de Contrato de Cambio) e ACE (Adiantamento sobre Cambiais Entregues). Nos três primeiros meses do ano ficou abaixo disso, mas superamos a marca em abril", afirma Rabelo. No cenário interno, o avanço acontece no financiamento de veículos e crédito imobiliário. "Dobramos a carteira de financiamento de automóveis em 2007 e dobraremos novamente este ano. Já no imobiliário, conseguimos a alteração necessária para competir em igualdade com outros bancos", ressalta. Ele se refere a destinação dos recursos de poupança, antes focados no agronegócio, para o empréstimo na compra da casa própria. Ontem, o banco afirmou que vai liberar R$ 5 bilhões para financiamento imobiliário, correspondente a 10% de sua captação em caderneta de poupança. "O BB está fazendo 200 anos e procura aproveitar a evolução do próprio País, com grau de investimento e ambiente econômico mais aberto a investidores, para oportunidades de negócios", resume o executivo do banco criado em outubro de 1808, por Dom João VI.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(- A repórter viajou a convite da Previ)