Título: Cinemas brasileiros iniciam era de projeção digital e 3D
Autor: Filgueiras, Maria Luíza
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/04/2008, Adiministração & Serviços, p. C2

São Paulo, 28 de Abril de 2008 - Se a maior revolução no entretenimento domiciliar é a tecnologia digital dos televisores, nas salas de cinema não é muito diferente. Apesar de já terem convertido seus sistemas de som, as mudanças de projeção estão apenas começando nas telonas do País. Compõe, junto às poltronas mais confortáveis, pipocas importadas e entrada em novas praças, a estratégia de redes como UCI, Cinemark e Cineart para assegurar as vendas na bilheteria. A principal causa da demora na conversão dos projetores para imagem digital, em relação aos mercados norte-americano e europeu, é o custo bem mais salgado - uma sala moderna chega a custar o dobro de uma tradicional, que varia entre R$ 1milhão e R$ 1,3 milhão. "A grande novidade tecnológica implementada é o cinema digital, que demorou um pouco a emplacar no Brasil porque primeiro era preciso estabelecer padrões mínimos de qualidade diante da quantidade de oferta", diz Carlos Marín, diretor executivo da UCI no Brasil. A oferta variava de US$ 100 a US$ 10 mil, conforme o executivo, até que um grupo de produtores de Hollywood estabeleceu, há dois anos, a tecnologia mínima necessária para processar filmes de alto padrão de qualidade e a conversão começou vagarosamente no Brasil. Se o equipamento for de baixa qualidade, não processa filmes da Disney e Warner, por exemplo. A UCI já converteu algumas de suas 121 salas, o que pede investimento adicional médio de R$ 500 mil por unidade. Além disso, inaugurou em março a primeira sala com filme em terceira dimensão (3D) do Rio de Janeiro, em parceria com o Grupo Severiano Ribeiro. Se já são atração em parques da Disney há pelo menos uma década, são novidades fresquíssimas em território nacional. "O cinema 3D é uma mini-revolução no setor. Com o padrão digital, faz com que o filme pareça o mais real possível para o espectador, dando uma experiência que ele não pode ter em casa", avalia. A empresa tem registrado uma queda anual de 5% no volume de público nos últimos dois anos e aposta na tecnologia para manter o público no cinema - "já que concorremos com diversos tipos de entretenimento, desde a pirataria à parcela do MP3 em que o adolescente aplica a mesada", diz Marín. Nesse cenário, a companhia canadense Imax, que opera há anos na América do Norte e na Europa, resolveu estrear na América do Sul com 28 salas, duas já acertadas no Brasil - no Palladium Shopping, em Curitiba, e no Shopping Bourbon, em São Paulo, com inaugurações no segundo semestre. São supertelas de 400 m, com película de 70mm (o dobro da tradicional), som digital de 14 mil watts (também o dobro) e filmes 3D. De olho nessas tecnologias está também a Cinemark, uma das maiores redes de cinema do País, como 358 unidades. Abriu sua primeira sala 3D em 2007, no Shopping Eldorado, na capital paulista, e hoje são quatro em operação. "A tecnologia em 3D vai substituir a atual", afirma Adriana Cacace, diretora de marketing da Cinemark. A empresa somou público de 26 milhões de pessoas em 2007, alta de 4% em relação a 2006, gerando receita bruta de R$ 340 milhões. Este ano, vai abrir 22 novas salas, sendo duas salas VIPs no Shopping Cidade Jardim, na capital paulista. "A proposta é oferecer ainda mais comodidade em um ambiente moderno e discreto", diz Adriana. Além de bilheteria exclusiva com lounge que inclui proseco e uísque, as salas terão poltronas de couro reclináveis com apoio para os pés. Na mineira Cineart, que tem público médio de 140 mil pessoas/mês, o investimento também é equilibrado entre tecnologia e conforto. "A rede tem som digital em todas as salas e foi a primeira a aceitar compra de ingressos e kit pipoca com cartão em máquinas de auto-atendimento", diz Aline Farhat de Araújo, do marketing da Cineart. Mas ainda não possui salas 3D. "Acreditamos que a tecnologia ainda está em desenvolvimento e aguardamos a maturação", diz. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)()