Título: Angola ganha espaço nas vendas das fabricantes de alimentos
Autor: Gotardello Filho, Wilson
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/04/2008, Negocios, p. C1

São Paulo, 28 de Abril de 2008 - Com o fim da Guerra Civil em 2002, a reconstrução de Angola passou a representar uma série de oportunidades para as empresas brasileiras. O idioma em comum, assim como alguns costumes resultantes da colonização portuguesa, facilitaram a entrada de indústrias, prestadoras de serviços e construtoras no mercado angolano. Seis anos após o término da guerra, as vendas das fabricantes de alimentos para o país africano ganham força a cada ano e os embarques tornam-se mais freqüentes e maiores. Em 2007, foram vendidos 484 mil toneladas, alta de 21%, de alimentos e bebidas processados industrialmente, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia). O volume representou receita de US$ 292 milhões, alta de 22%. E o crescimento deve continuar. De acordo com estimativas da Abia, tanto o volume quanto o valor das exportações para o país africano este ano devem crescer até 20%. Um dos fatores que tem impulsionado a entrada de brasileiras é o esforço do governo local para reduzir o número de vendedores ambulantes, ainda grande maioria, segundo Cezar Tavares, vice-presidente da Vilma Alimentos, que vende refrescos em pó e macarrão para Angola desde o ano passado. "Esse trabalho tem motivado as empresas brasileiras", explicou o executivo. No ano passado, primeiro ano de exportações da Vilma para Angola, foram embarcadas 110 toneladas de refrescos e macarrão. Para este ano, a meta é alcançar 180 toneladas. No total, a empresa exportou 300 toneladas em 2007 e deve exportar 500 toneladas este ano. Quem também deve ampliar as vendas para Angola em 2008 é a Gomes da Costa, que atua no mercado de pescados em conserva. Dario Chemerinski, gerente de exportações da empresa, contou que procurou representantes no país africano em 2005, quando a economia já crescia em ritmo acelerado e dava sinal de que seria um dos países com maior potencial na África. "Em 2005 mandamos alguns contêineres. Em 2006 fechamos o ano com vendas de 500 toneladas e no ano passado dobramos, alcançamos 1000 toneladas", disse. Esse volume de vendas representou 13% das exportações da empresa. E as vendas devem continuar em alta nos próximos anos. Chemerinski classificou esse primeiro trimestre de "fantástico", e faz previsões otimistas para o próximo ano. A meta é alcançar 1,6 mil toneladas em 2008 - o que representaria 16% do total exportado pela empresa - e chegar a 2 mil toneladas em 2009. "A economia angolana tem crescido 20% ao ano. É um índice sensacional para um país africano", disse Chemerinski. Mais produtos Empolgada com o desempenho das venda em Angola, a fabricante de biscoitos Marilan, do interior de São Paulo, deve ampliar o número de itens exportados para aquele país. "Hoje vendemos boa parte do nosso mix, ficando de fora a linha de laminados e a linha de torradas Magic Toast. Ainda em 2008 esperamos incrementar os volumes da linha de recheados", afirmou Jailton de Abreu, presidente da empresa. Segundo ele, o mercado angolano "tem um grande potencial para desenvolvimento". Cerca de 40% das exportações da empresa, que totalizaram 5% do faturamento de R$ 420 milhões em 2007 - alta de 15% em relação ao ano anterior - foram para os países africanos. E a idéia é ampliar a presença da Marilan na África. "O relacionamento com algumas redes de supermercado sul-africanas para quem já vendemos atualmente pode abrir portas para as filiais em outros países africanos. A expectativa é termos incrementos de volumes em 2008 com as exportações para o continente ", declarou. Além de Angola, a Marilan vende para Madagascar, Ilhas Mauricio, Gana, Gambia, Camarões, entre outros países. Informalidade Como o mercado informal de alimentos ainda supera as redes de supermercado, Chemerinski, da Gomes da Costa, contou que os produtos da empresa têm tido aceitação positiva no país por conta de serem embalados, já que é grande o volume de vendas por peso. "Todos os canais de vendas aceitam conservas", disse. "As cidades parecem ter mais vendedores do que consumidores", brincou Tavares, da Vilma. Segundo ele, os produtos exportados, macarrão e refrescos, foram escolhidos por serem embalados. As empresas brasileiras trabalham com a trading Atlas no mercado angolano.(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(