Título: Crescem gastos com armas em varios pai­ses da America Latina
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Fonte: Gazeta Mercantil, 08/04/2008, Internacional, p. A17

Os pai­ses sul-americanos, com os cofres cheios graças à s altas nos preços do petróleo, da soja, do cobre e de outras matérias-primas exportadas, estão gastando prodigamente em equipamentos militares. Depois das compras de armas realizadas pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que em 2005 fez pedido de aeronaves militares e de 100 mil rifles de rifles de ataque semi-automáticos, estimados em US$ 1,3 bilhão, os países da regiÃo, como a Colômbia e Equador, estão reforçando seus arsenais. A Colômbia está comprando 24 aviões de combates israelenses Kfir. O Brasil planeja construir seu primeiro submarino nuclear. O Equador aumentará o gasto militar em 19% este ano. No geral, o gasto regional com armamentos cresceu 55% em quatro anos para US$ 38,4 bilhões em 2007, informou o Instituto Nacional para Estudos Estratégicos. O risco de um incidente O risco é que todas essas armas aumentem as possibilidades de que um incidente menor, como a recente disputa da Venezuela pela incursão da Colômbia em um campo de rebeldes no Equador, cresça de proporção, disse Christopher Sabatino, diretor de política no Conselho das Américas, um grupo de pesquisa de Nova York. "Tem havido uma escalada militar importante", disse Sabatini. "O acúmulo de armas e equipamentos de ataque faz com que os líderes sejam mais belicosos do que seriam de outro modo", disse Sabatino. Chávez encabeçou o regresso da região ao mercado de armas com sua proposta de tornar a Venezuela "invulnerável" a um ataque, como disse no ano passado. As compras de armas, estimadas em US$ 4,4 bilhões de 2003 a 2006, colocaram o país em sexto lugar entre os países em vias de desenvolvimento no período, segundo relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso Americano. Gastos da Venezuela O gasto da Venezuela, que tem as maiores reservas de óleo e gás na AL, tem subido conforme os preços do petróleo aumentam para mais de US$ 110, como no mês passado, em comparação com US$ 12,30 quando Chávez assumiu o cargo em 2 de fevereiro de 1999. O maior volume de compras foi feito em 2006. Só nesse ano, Chávez assinou acordos estimados em US$ 3,1 bilhões para adquirir armas avançadas, inclusive 24 aviões de combate Sukhoi Su - 30 fabricados na Rússia e 38 helicópteros de combate e transporte produzidos pela Rostvertol, da Rússia. O Su-20, com alcance de 4.800 km, é uma arma ofensiva que pode transportar bombas e mísseis terra-ar, segundo o grupo de pesquisa Globalsecurity.org. Mais recentemente, o serviço de notícias Interfax, da Rússia, informou em 4 de abril que a Venezuela poderá comprar três submarinos a diesel russos. "A repentina compra de armas e de sistemas avançados de armas na Venezuela leva à pergunta: "Qual é a ameaça militar que está surgindo?", disse, numa entrevista, o almirante dos EUA, James Stavridis, que supervisiona assuntos militares para a América Latina. As compras da Colômbia "Chávez se sente mais confortável sendo belicoso com suas novas armas", disse Adam Isacson, analista para a América Latina no Centro para Política Internacional, um grupo de pesquisa sobre política exterior com sede em Washington. A Colômbia tem recebido dos EUA mais de US$ 5 bilhões em ajuda militar e para o combate ao narcotráfico desde 2000, inclusive 47 helicópteros Black Hawk, fabricados pela Sikorsky Aircraft para combater as Farc. Os aviões de combate Kfir que está comprando têm alcance de 3.200 km e podem transportar bombas e mísseis. O Brasil, cuja economia de US$ 1,3 trilhão é a maior da América Latina, tem menos que temer de Chávez, mas considera o fortalecimento de seu exército uma maneira de avançar seus planos de desempenhar papel mais importante no cenário mundial, como a ambição de obter um lugar no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). "Para ter mais peso no cenário mundial, há instrumentos de política externa além da economia", disse o coronel de reserva do exército americano Jay Cope, pesquisador sênior da Universidade Nacional de Defesa, em Washington. "Um desses instrumentos são as Forças Armadas", disse Cope. Equador e Chile também Por sua parte, o orçamento de defesa do Equador acumula aumento de 190% desde 2000, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa de Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês). O presidente Rafael Correa defendeu a alta de 19% este ano no orçamento de defesa do Equador para US$ 920 milhões, para aumentar os salários e transferir as forças para a fronteira norte do país com a Colômbia. O Equador participou da última guerra da região, em 1995, quando um confronto fronteiriço com o Peru deixou saldo de 500 vítimas. O gasto militar no Chile, maior produtor de cobre do mundo, subiu graças a uma lei de 1987 que reserva 10% da receita do país com cobre para o Exército. O preço do cobre quase quadruplicou nos últimos cinco anos. As compras realizadas desde 2006 incluem 18 aviões de combate F-16, fabricados pela Lockheed Martin, e 10 mísseis anti-navios Harpoon, da Boeing. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 17)(Bill Faries e Helen Murph/Bloomberg News)