Título: Berzoini faz balanço do cerco ao trabalho escravo
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/11/2004, Nacional, p. A6

O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, informou que, de janeiro de 2003 a outubro último, foram libertados 7.014 trabalhadores rurais em condições análogas às de escravos, o que mostra um "aumento significativo das ações de fiscalização, não só em quantidade, mas também em qualidade". Já o presidente da Associação Nacional dos Magistrados Trabalhistas (Anamatra), Grijalbo Coutinho, cobrou ação "mais vigorosa" do Executivo para que o Congresso aprove projeto de emenda constitucional que prevê a expropriação de propriedades rurais onde for constatado o emprego de mão-de-obra escrava.

As intervenções de Berzoini e de Coutinho deram o tom do primeiro dia da 2ª Jornada de Debates sobre Trabalho Escravo, que se realiza no auditório do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ministro Edson Vidigal, presidente do STJ, lamentou que "o que antes acontecia de forma explícita, apenas contra as pessoas da raça negra, seres humanos aprisionados na África e aqui vendidos aos brancos endinheirados, acontece hoje de forma dissimulada, driblando leis, e podendo alcançar a todos, sem distinção de cor, conquanto pobres, ignorantes e indefesos". Participaram dos debates o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto; o representante da OIT no Brasil, Armand Pereira. O secretário especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, afirmou que os fazendeiros que desrespeitam as relações de trabalho ou a legislação ambiental não devem ter acesso a créditos das instituições públicas.