Título: Acordo de Itaipu fica para junho
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Fonte: Gazeta Mercantil, 11/05/2009, Brasil, p. A5

BRASÍLIA, 11 de Maio de 2009 - Depois de mais um impasse nas negociações sobre o uso da energia gerada pela usina hidrelétrica de Itaipu, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo anunciaram na última sexta-feira que voltarão a se reunir em junho, no Paraguai, para retomar as conversas sobre o tema.

Os presidentes de Brasil e Paraguai tentam chegar a um entendimento a respeito da demanda paraguaia de um aumento do preço da energia gerada pela usina binacional que é vendida ao Brasil e da permissão para vender parte da energia a que tem direito a outros países. O Brasil, entretanto, descarta alterar o contrato firmado pelos dois países.

"O Paraguai não renunciou a nenhuma de suas reivindicações", afirmou Lugo a jornalistas ao lado de Lula, na Base Aérea de Brasília. O presidente paraguaio aproveitou a entrevista para passar recados ao governo brasileiro.

"Creio que o respeito é um prin-cípio máximo nas relações bilaterais com o Brasil", declarou, acrescentando que o governo do paraguai acredita que este respeito "também se dá no marco da recuperação da dignidade de todos os paraguaios."

Lugo, que enfrenta delicada situação política por causa das denúncias de que teve filhos quando ainda atuava como bispo, fez da renegociação do tratado de Itaipu uma das suas principais bandeiras durante a campanha eleitoral.

Destacando que o colega se apresenta como "uma esperança renovada" ao povo do país vizinho, o presidente brasileiro demonstrou otimismo com o progresso das negociações.

"Embora não tenhamos assinado nenhum acordo, a reunião foi produtiva porque detectamos pontos que nós temos avançar" disse Lula, ponderando que Itaipu é um tema muito sensível e "nervoso" para os dois países.

Lula também rebateu as críticas de Lugo, que na véspera disse que não interessava a ninguém ter um "vizinho pobre".

"É uma filosofia do nosso governo garantir que os países que têm fronteira com o Brasil tenham possibilidade de ter o mesmo desenvolvimento que tem o Brasil. Não queremos ser uma ilha de prosperidade no continente cercada por países com dificuldades", disse.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Reuters)