Título: Azul e Trip recorrem à Sudene para financiamento de aviões
Autor: Ramos, Etiene ; Machado,Ana Paula
Fonte: Gazeta Mercantil, 31/03/2009, Transportes, p. C3

31 de Março de 2009 - O mercado de aviação regional no Brasil está voando em céu de brigadeiro. As empresas que atuam com aeronaves de até 86 lugares, seguindo os critérios das associações internacionais do setor, como a Trip Linhas Aéreas, dos grupos Capriolli e Águia Branca, e a Azul Linhas Aéreas vêm ampliando suas malhas e seus faturamentos no rastro da complementação das rotas domésticas e do crescimento dos negócios em cidades do interior, além do turismo interno.

A carência de rotas no Nordeste promete ampliar ainda mais esse mercado. No final do ano passado, o superintendente da Sudene - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, Paulo Fontana, reuniu-se com secretários de Turismo do Nordeste e do Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, área de atuação da instituição, e propôs uma unidade para solucionar o vácuo nas ligações intraregionais. Com um novo plano de vôo para interligar capitais e importantes cidades do interior, Fontana convidou as companhias aéreas e a Azul e a Trip, até o momento, mostraram interesse em aderir. Para isso, planejam adquirir novos aviões com recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), gerido pela Sudene, e do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste (FNE), administrado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

Segundo Fontana, cada empresa pretende comprar entre quatro e oito aeronaves. No caso da Trip, cada uma custaria em torno de US$ 25 milhões e ficariam em rotas intra-estaduais, e no da Azul, US$ 30 milhões, destinados a vôos entre as capitais nordestinas. O plano será apresentado na próxima reunião da Sudene, no dia 6 de abril, em Montes Claros, Minas Gerais, com os governadores da região e o presidente Lula. Se for aprovado, serão necessários entre quatro e cinco meses para a liberação do dinheiro. "Queremos que os vôos sejam mais curtos, com a redução de escalas", diz

Paulo Fontana.

O presidente da Azul Linhas Aéreas, Pedro Janot, disse que já enviou aos governadores dos estados que estão dentro da área de influência da Sudene, o projeto para aumentar o número de rotas para a região. Segundo ele, nesta proposta está incluída uma nova encomenda de aviões para serem operados nessas novas rotas. "É uma nova encomenda à Embraer além dos pedidos que já fizemos para iniciarmos as operações no País", disse Janot. A Azul fez um pedido de 36 jatos 195, com entregas programadas para até 2015. Além dos pedidos firmes a companhia tem mais 40 opções de compra dos aviões.

"Esse é um novo pedido que poderemos fazer caso o projeto com a Sudene se concretize. Os financiamentos para esta nova compra seriam feitos pelo Banco do Nordeste", explicou o executivo. A Azul opera linhas saindo de Campinas (SP) para Salvador, Recife, Manaus e Fortaleza.

Outra companhia que deverá receber recursos da Sudene, é a Trip Linhas Aéreas que enviou um projeto de malha aérea e a compra de novos aviões, entre eles o Embraer 175, que a empresa já opera em outras rotas no País.

Outro incentivo em discussão, dessa vez com os Estados, seria a redução do ICMS do querosene de aviação para as companhias que tiverem vôos que começam e terminam no Nordeste. Para receber os benefícios, as empresas comprometem-se a abrir sede ou escritórios administrativos na região, como exige a legislação.

Baseada em estudos de demanda, a Trip que já opera em 67 cidades de 17 estados, antecipa-se a plano e lança no próximo dia 12, a rota Salvador/Aracaju/Recife/Natal que oferece horários diferenciados do mercado para atender especialmente aos executivos - passageiros que representam 70% do seu público. "Voamos para onde as outras companhias não voam. Isso traz economia de tempo e de dinheiro para empresários e executivos e assim a roda vai girando", declara o diretor de Marketing e Vendas da Trip Linhas Aéreas, Evaristo Mascarenhas, revelando uma grande confiança no mercado regional. "A economia do interior, em geral, não foi afetada pela crise e vemos o quanto essa economia está pulsando", diz.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(Etiene Ramos e Ana Paula Machado)