Título: América Latina ocupa o centro das atenções
Autor: Costa,Thaís
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/03/2009, Ti&Telecom, p. C9

São Paulo, 20 de Março de 2009 - A América Latina está no centro do interesse de multinacionais do porte da Ericsson, Motorola, Nokia, Telefónica, América Móvil e outros gigantes mundiais das telecomunicações.

O motivo dessa atratividade é muito claro: há 457 milhões de usuários de telefonia celular vivendo na região, um número que representa 11,5% do total de 4 bilhões de donos de telefone móvel ao redor do mundo.

A surpresa é que o contingente supera o existente na madura e desenvolvida América do Norte, onde estão situados 292 milhões de usuários, representando 7,3% do total - fatia bem inferior aos 11,5% citados.

Acresce também o fato de, por imaturidade, a clientela latina oferecer perspectivas de crescimento mais vigoroso que o dos americanos do norte, e isso é outro motivo para as empresas do ramo ampliarem o foco nesse pedaço do mapa.

Com a missão de promover e facilitar a família da tecnologia GSM, incluindo o chamado LTE (Long Term Evolution), a Associação 3G Americas chama a atenção dos órgãos reguladores de todo os países envolvidos para a necessidade de proporcionar mais faixa de radiofrequência para as operadoras móveis oferecerem novos serviços de banda larga, informou o diretor da 3G Americas para América Latina e Caribe, Erasmo Rojas.

Ao lado de obter mais espectro para o tráfego de dados, a associação lembra fornecedores e operadores que é preciso baratear modems, cartões e outros apetrechos de acesso à web, como USBs, além de telefones sofisticados, a fim de aproximar a região do mundo digital.

Para atingir o aproveitamento potencial que existe aqui, Rojas aponta a tecnologia LTE como investimento promissor para as operadoras, uma vez que oferece condições muito boas de tráfego de dados.

Receitas de dados maiores

"Hoje, o tráfego de dados ainda é incipiente no Brasil, não passa de 10% das receitas das companhias móveis. Mas há perspectivas de crescer aceleradamente nos próximos anos", disse o executivo. Ele se referiu ao fato de, nos Estados Unidos, esse tipo de tráfego representar atualmente 30% das receitas das companhias.

Como a tendência de evolução do mercado é tornar a voz uma commodity, sem valor agregado, as operadoras vêem-se na obrigação de construir caminhos para obter receita de outro modo, ou seja, trafegando dados."Neste momento as operadoras não se motivam a formatar pacotes de voz mais baratos porque cabe a esse serviço a grande parcela do faturamento. Mas vai chegar o momento em que a primeira empresa que adotar essa estratégia será seguida por todas as demais", previu Rojas.

Isso já está acontecendo no resto do mundo, e sem dúvida vai chegar à América Latina em prazo relativamente curto.

Previsão para 2011

Rojas prevê a adoção do LTE no Brasil em 2011, com um ano de atraso em relação aos Estados Unidos. "E não será por meio de aparelhos celulares, e sim de cartões, modems e conexões USB para fornecer banda larga móvel aos usuários.

Como os demais estágios de tecnologia, o LTE não deve ser adotado no Brasil antes de outros países da América Latina, por sua condição de principal mercado da região. "Os fornecedores preferem não começar pelo maior mercado, a fim de obter experiência antes nos países menores", disse Rojas..

O LTE proporcionará velocidades de 4 megabytes por segundo (Mbps) se adotado em duas faixas de 5 MHz. Atualmente, as operadoras estão utilizando o HSPA (3G) no Brasil, que alcança 1 Mbps em média.

O custo de trafegar dados em LTE vai cair muito, segundo a 3G Americas, saindo de 3 centavos de euro para 1 centavo por megabyte. Ou seja, será possível baixar filmes e arquivos pesados com mais rapidez.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9)(Thaís Costa)