Título: Embraer confirma estudos para produzir avião de grande porte
Autor: Ottoboni, Júlio
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/11/2008, Transporte, p. C3

São José dos Campos (SP), 5 de Novembro de 2008 - A direção da Embraer confirmou ontem, ao apresentar o balanço do terceiro trimestre deste ano, que pretende investir em aviões maiores. Essa busca por um novo nicho de mercado passa por uma parceria com a Airbus, cujo presidente Thomas Enders, que não poupou elogios à fabricante brasileira, se encontra no Brasil em conversações com a direção da multinacional brasileira, conforme antecipado pela Gazeta Mercantil. "A família de aeronaves da Embraer é bem competitiva. Se tivesse que apostar no sucesso de uma fabricante, no longo prazo, todas as minhas fichas seriam para a Embraer", disse Enders.

Na pauta de negociação se encontra a construção de uma família de jatos entre 200 e 250 lugares de última geração, que se situa entre os modelos da Airbus A 320, de 107 a 196 assentos, e os modelos A 330, de 253 a 335 passageiros. Esse novo jato disputaria mercado diretamente com a Boeing, que lançou em meados de 2007 o modelo 787, que é um avião para 250 a 280 passageiros ou ainda pode ter uma variação de 210 a 330 lugares.

"Um dos pontos para qualquer definição futura é o problema do motor, que até hoje não é claramente definido qual o melhor a ser aplicado", disse o vice-presidente financeiro da Embraer, Antonio Luiz Pizarro Manso, numa referência aos estudos de motores mais econômicos e menos poluentes que atualmente são pesquisados por fornecedores como a Rolls Royce.

O jato da Boeing é considerado o primeiro de uma linha ` ecológica¿. São feitos com fibra de carbono, dispensando 50% do alumínio gasto em fuselagem convencional. Segundo a Boeing, esses componentes são mais resistentes e duráveis, além de reduzirem o peso do aparelho e influenciar diretamente na economia de combustível. A multinacional norte-americana também está com estudos avançados para turbinas movidas a combustíveis alternativos.

A Embraer mantém atualmente em São José dos Campos, no Parque Tecnológico Aeroespacial, um departamento especializado em pesquisas e estudos sobre materiais compostos a serem empregados na aviação comercial. Os primeiros resultados deste investimento de R$ 15 milhões feitos em meados de 2006 devem surgir ainda este ano, numa parceria firmada com o Instituto de Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

"No futuro, certamente, teremos que ter algumas definições, como desenvolver um avião maior. Sozinho ou em conjunto é uma coisa a ser definida. Conversas a gente sempre tem. Mas é muito importante entender que a Embraer e a EADS, empresa da qual a Airbus faz parte, têm uma parceria de 10 anos. A EADS já foi acionista da Embraer e depois se tornou nossa sócia em uma empresa em Portugal (Ogma)", afirmou.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(Júlio Ottoboni)