Título: Bancos devem financiar 250 mil imóveis em 2008
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2007, Finanças, p. C8

A expansão do crédito imobiliário deve se manter nos próximos anos, segundo previsão da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). No próximo ano, o sistema deverá financiar 250 mil unidades, com recursos da poupança, 25% a mais que neste ano (200 mil).

"Estamos muito otimistas e não tenho dúvidas de que atingiremos 25% de crescimento no próximo ano", disse o novo presidente da entidade, Luiz Antônio França, que também é diretor do Itaú. A entidade espera ainda que o crescimento de 25% se mantenha pelo menos pelos próximos três anos, até 2010.

Mantendo o forte ritmo, o sistema poderá superar em 2009, o recorde histórico de 1981, quando os bancos direcionaram recursos da poupança para 267 mil unidades habitacionais. Nessas estatísticas não estão incluídos os financiamentos com recursos do FGTS.

De fato, o avanço neste ano foi acentuado. Ao longo do ano até o fim do mês de novembro, os bancos já emprestaram R$ 16,4 bilhões com recursos da poupança, para 177 mil unidades, crescimento de 73%.

Somente em novembro, os bancos liberaram R$ 2,93 bilhões em recursos da poupança, patamar 200% superior ao mesmo mês do ano passado. O volume foi suficiente para o financiamento de 21,5 mil unidades.

Em dezembro, o desempenho deverá ser semelhante, levando o sistema a fechar 2007 com cerca de 200 mil imóveis financiados e quase R$ 19 bilhões em recursos.

Para o próximo ano, a Abecip espera ainda soltar as primeiras regras de auto-regulação, para padronização dos contratos de financiamento. Essa medida é considerada fundamental para permitir a securitização dos recursos no futuro, ou seja, emitir títulos no mercado financeiro usando os créditos como garantia.

Esses títulos, que podem ser os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), são vistos como o substituto natural para os recursos da poupança. Hoje, os bancos já utilizam cerca de 75% da poupança para o financiamento imobiliário. Com a poupança na casa dos R$ 180 bilhões, num futuro próximo, uma outra fonte de recursos será necessária.

Os bancos comerciais também já demonstraram interesse em repassar recursos do FGTS, antes exclusivo da Caixa Econômica Federal. "É importante haver uma diversificação na captação de recursos", avalia França.