Título: Agra planeja avanço na região Nordeste em 2008
Autor: Boechat ,Yan
Fonte: Valor Econômico, 02/10/2007, Empresas, p. B8

Setton, da Agra: "O crescimento no Nordeste é superior ao do resto país" Seis meses após captar mais de R$ 750 milhões em sua oferta pública de ações, a incorporadora Agra começa a colocar em prática seus planos de expansão geográfica. A companhia, que promete fazer lançamentos no valor total de R$ 1,3 bilhão este ano, elegeu a região Nordeste como foco principal de sua estratégia de diversificação regional. Já no próximo ano os empreendimentos nos estados nordestinos devem representar cerca de 25% de todos os lançamentos da incorporadora paulistana.

Assim como quase todas as companhias que foram ao mercado de capitais nos últimos dois anos, a Agra tem em São Paulo seu principal mercado. Mas, a exemplo também de suas concorrentes, a companhia percebeu que para conseguir os índices de expansão esperados pelos investidores, que detêm mais de 50% de suas ações, precisaria ampliar seu leque de atuação. "Decidimos ir para o Nordeste porque os índices de crescimento por lá, em todos os parâmetros, são superiores aos do resto país", diz Ricardo Setton, diretor de relações com investidores da incorporadora. "Há muito espaço para crescer lá".

Em 2007, quando o Valor Geral de Vendas (VGV - receita potencial de todos os empreendimentos lançados) da Agra será quase igual a de seus 11 anos de atuação reunidos, a participação nordestina ainda é pequena. Não chega nem mesmo a 6% e está fortemente concentrada em Salvador. Para o ano que vem a companhia afirma que cerca de 25% dos R$ 2 bilhões que promete lançar serão em terras nordestinas. "Fora de São Paulo, que ainda concentra mais de 50% de nossos lançamentos, o Nordeste será nosso principal mercado", afirma o diretor de RI.

Mesmo com todo esse crescimento na participação no VGV total da empresa, as operações nos estados nordestinos estarão fortemente concentradas na cidade de Salvador. Dos cerca de R$ 500 milhões que a empresa promete lançar por lá, cerca de R$ 450 milhões serão realizados na capital baiana.

Tanta concentração se explica, primordialmente, pelo banco de terrenos da Agra, que conta com um VGV potencial de R$ 11 bilhões, sendo que quase 40% dele está concentrado em Salvador. A companhia comprou um conjunto de cinco áreas na cidade, que somam R$ 2,6 milhões de metros quadrados no início desse ano. "Faremos basicamente torres nessa área, atendendo desde a classe média baixa até o alto padrão", afirma Setton, que prevê que todos os terrenos serão usados em um prazo entre 10 e 15 anos.

Mas Salvador, garante a Agra, é a porta de entrada para os estados do Nordeste e da região Norte. A companhia conta com terrenos em Recife, Fortaleza, São Luís, Belém e Manaus. De acordo com Setton, a estratégia é ampliar as cidades onde pretende atuar e, assim, montar um banco de terrenos mais amplo na região. Para o próximo ano a companhia também prevê lançamentos em São Luís, mas eles não terão um impacto relevante no VGV da companhia.

Só a partir de 2009, acredita a Agra, a presença no Nordeste será mais distribuída. "Nesse primeiro momento estamos concentrados em Salvador, mas isso é temporário, por conta do grande volume de terrenos que temos lá", diz Setton. "Em 2009 iniciam-se os lançamentos nos demais estados com mais força e freqüência".