Título: 74% das rodovias continuam em mau estado, diz CNT
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 08/11/2007, Brasil, p. A2

Em quase cinco anos, o governo Lula conseguiu melhorar, embora timidamente, o estado geral das rodovias brasileiras. Pesquisa rodoviária da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), divulgada ontem, indica que 73,9% de toda a malha pavimentada está em condições regulares, ruins ou péssimas. Em 26,1% da malha, as condições de conservação foram classificadas como ótimas ou boas.

Em 2003, primeiro ano de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o índice de rodovias com deficiências chegava a 82,8% e só 17,2% da malha era avaliada como ótima ou boa.

Nesse período, o orçamento anual do Ministério dos Transportes subiu de cerca de R$ 3 bilhões para mais de R$ 7 bilhões, com a ajuda da Cide, a contribuição sobre importação e comercialização de combustíveis. Para a CNT, no entanto, causa preocupação o fato de, a menos de dois meses do fim do ano, somente um quarto do orçamento de 2007 tenha sido liqüidado, com o pagamento de obras e serviços.

"Há um problema crítico de gestão do Estado, bem como um orçamento ainda insuficiente", afirmou o presidente da CNT, Clésio Andrade, que identificou a necessidade de investimentos de R$ 23,4 bilhões para colocar as rodovias nacionais em padrão "satisfatório de segurança e desempenho".

Programas emergenciais, como a operação tapa-buracos e o Pró Sinal, iniciado em 2006 e que visa aperfeiçoar a sinalização nas rodovias federais em um prazo de dois anos, ajudaram a melhorar a classificação geral das estradas. Mesmo assim, as dez piores rodovias do país são administradas pelo setor público, sem concessões. O título de pior estrada brasileira, neste ano, ficou com a BR-222, entre Açailândia e Miranda do Norte, no Maranhão.

Se o quadro geral é preocupante, um diagnóstico completamente diferente foi feito nos 10.836 quilômetros de rodovias administradas pela iniciativa privada. Nessas estradas, as condições do pavimento são ótimas ou boas em 88,1% da malha. Isso favorece o transportador, segundo a CNT, na medida em que reduz os custos operacionais: há menor consumo de combustíveis e desgaste dos pneus, redução do tempo de viagem, baixo índice de problemas mecânicos e quebra de peças. As dez melhores rodovias do país, na avaliação da entidade, estão localizadas no Estado de São Paulo e são pedagiadas.

Apesar do elogio a essas rodovias, Andrade pretende cobrar do governo uma revisão dos pedágios mais caros das concessões feitas anteriormente. Segundo ele, o último leilão de estradas provou que "é possível reduzir os pedágios".

Dos 87.592 quilômetros de rodovias pesquisadas pela confederação, pouco mais de 10 mil são administrados pelo setor privado. De acordo com o presidente da CNT, há cerca de 8 mil quilômetros a mais que podem ser levados a concessão. Ele colocou em dúvida, porém, a viabilidade econômica de concessão da malha restante. No máximo, observou, há espaço para 20 mil a 30 mil quilômetros para concessão de estradas em regime de Parceria Público-Privada (PPP).