Título: Amorim prevê "progresso" em Doha até o fim do ano
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 06/11/2007, Brasil, p. A5

O governo brasileiro mostra-se otimista em relação ao andamento da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem que é possível um "progresso considerável" nas negociações antes do fim do ano, mas ponderou que os principais avanços têm de ser norteados por concessões de Estados Unidos e União Européia.

Amorim, que participou da abertura da 2 Conferência Nacional de Política Externa e Política Internacional, no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, afirmou que, mesmo que a Rodada Doha não seja concluída este ano, chegará a bom termo dentro de um ano ou um ano e meio. "Estamos muito próximos e falta um pouquinho de vontade política para chegarmos até o resultado final."

O ministro ponderou que os países em desenvolvimento não podem aceitar que todas as "sensibilidades" dos países desenvolvidos sejam levadas em conta, enquanto as necessidades dos países em desenvolvimento não são consideradas na mesma proporção. Amorim recorreu a um esquema criado pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, que defende a solução de problemas ligados aos três vértices de um "triângulo" básico: subsídios agrícolas, acesso a mercados agrícolas e produtos industriais. "O triângulo não pode ser equilátero, tem que ser isósceles, e os dois lados maiores têm que ser da União Européia e dos Estados Unidos. Essa é a proporcionalidade que procuramos", afirmou.

Amorim disse que há condições de se chegar a bons acordos sobre os "vértices" do triângulo. Para ele, os EUA já fizeram avanços na questão dos subsídios agrícolas Já os europeus precisam avançar na questão do acesso a mercados agrícolas. " Para o ministro, as eleições presidenciais de 2008 nos EUA podem ser elemento de aceleração nas negociações, podendo ter papel importante no desfecho da Rodada Doha. Para Amorim, o que deve ser evitado é a leitura de que a corrida presidencial americana deve ser encarada como motivo para que os países façam "concessões a qualquer preço".