Título: Braga quer "choque de gestão" no Amazonas
Autor: Barros, Bettina
Fonte: Valor Econômico, 02/01/2007, Caderno Especial Posse, p. A13

Reeleito no primeiro turno com larga vantagem frente a seu principal concorrente e ex-padrinho político, o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB) afirmou ontem que irá imprimir nos próximos quatro anos um "choque de gestão" para preparar o Estado para o futuro.

Em um discurso improvisado no Teatro Amazonas - "optei falar pelo coração" - Braga listou os pontos de sucesso de seu governo nas áreas de saúde, educação e investimentos em pesquisa. Mas enfatizou o longo caminho que o Amazonas ainda deve percorrer. "A meta prioritária será o choque de gestão para enfrentar o desafio de reduzir a desigualdade. Na capital, a economia está na fronteira da tecnologia, enquanto o interior vive sem expectativa de entrar no novo século", disse Braga, interrompido duas vezes por palmas.

A declaração foi ao encontro da principal reivindicação do empresariado local, que tem pedido ao governo que estenda o desenvolvimento econômico para o interior e evite o êxodo rural, um dos maiores problemas do Estado. A Zona Franca de Manaus (ZFM) responde por 90% da arrecadação do ICMS e emprega quase 100 mil pessoas.

Braga defendeu ainda uma melhoria na qualidade dos gastos públicos como forma de alinhavar o Amazonas com o futuro e romper a tradição de "Sudeste rico e Norte empobrecido". Ele disse que nenhuma compra de produto ou serviço "será feita sem licitação a partir de agora, sem transparência".

Carismático, jovem e com a máquina do Estado a seu favor, Braga reelegeu-se com relativa facilidade e suscitou esperanças de uma nova era no Amazonas, com o fim de práticas coronelistas arraigadas em um Estado marcado pelo domínio de caciques políticos.

O primeiro sinal veio com a derrota de seu concorrente, o lendário Amazonino Mendes (PFL), que se revezou no Palácio do Governo por duas décadas.