Título: American Airlines planeja ter vôo direto ao Nordeste
Autor: Campassi, Roberta
Fonte: Valor Econômico, 19/04/2007, Empresas, p. B1

A American Airlines deverá ser a primeira companhia aérea americana a operar vôos dos Estados Unidos para o Nordeste brasileiro sem escalas. A empresa planeja inaugurar uma rota ligando Miami a Salvador ou Recife, a partir de 2008. "Estamos estudando seriamente e gostaríamos de ter essas freqüências", diz Erli Rodrigues, diretor geral da aérea no Brasil.

Hoje, a American tem operações apenas no Rio e em São Paulo, assim como suas conterrâneas United Airlines, Delta e Continental. Destas, a Delta também já manifestou interesse por ter vôos diretos para o Nordeste, mas, segundo sua assessoria de imprensa no Brasil, o projeto é "embrionário". A TAM, única aérea brasileira que voa para os Estados Unidos, tem um vôo de Salvador para Miami uma vez por semana.

Segundo Rodrigues, as vendas de passagens da American Airlines efetuadas no Nordeste e o número de vistos americanos emitidos na região indicam que há demanda suficiente "para encher os vôos diretos", que em tese serão diários. O real valorizado contribui para elevar o fluxo dos passageiros. Do lado americano, a demanda viria principalmente dos turistas que viajam a lazer. "O Nordeste é uma opção para o americano que já foi para o Caribe, devido aos grandes investimentos em resorts e hotéis", diz o executivo. "Além disso, há muitas comunidades americanas que se interessam por turismo étnico e buscam cidades como Salvador."

A companhia, entretanto, ainda não solicitou permissão para criar a nova rota à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). E, para que a American consiga o direito de operar os vôos nordestinos, terá que obter junto à Anac freqüências adicionais àquelas que estão previstas no acordo bilateral entre Brasil e EUA. O documento estabelece que as aéreas americanas podem ter, no máximo, 105 vôos por semana para o Brasil e hoje todas essas freqüências estão sendo utilizadas. Por enquanto, também não há perspectiva de que o acordo seja ampliado. "Teremos que pleitear freqüências extras", diz Rodrigues. "A Anac já fez isso para a TAP, de Portugal", afirma.

O interesse da American comprova que o Nordeste vem se tornando um destino aéreo mais independente. Em outras palavras, a região recebe hoje mais vôos internacionais que não fazem escala no Rio e em São Paulo. Para um turista europeu, o tempo de viagem para uma capital nordestina é reduzido em até dez horas com o vôo direto.

Uma das primeiras companhias aéreas a explorar o Nordeste foi a portuguesa TAP, estimulada pelo crescente interesse dos turistas ibéricos pelo Brasil. Hoje, dos 48 vôos semanais que a empresa opera do país para a Europa, 27 saem de capitais nordestinas. A BRA, nacional, já tem duas rotas para o velho continente que saem de Recife e Fortaleza. A empresa planeja inaugurar mais uma, ligando a capital cearense a Madri.

No caso da American, uma nova rota poderia ampliar sua fatia no fluxo de passageiros entre Brasil e América do Norte e Central. Entre as estrangeiras, ela é a que detém a maior participação nesse mercado, de 42%. Segundo Rodrigues, a American opera 44 vôos semanais do Brasil para os Estados Unidos e a taxa média de assentos ocupados é 80%, em linha com o indicador global da companhia. Segundo Rodrigues, a procura por passagens de primeira classe e e classe executiva é muito forte no Brasil, devido ao grande fluxo de turistas de negócios. "Sem dúvida, temos uma operação rentável no Brasil, que contribuiu bastante para os resultados da companhia", diz o executivo.

Ontem, a American Airlines divulgou nos Estados Unidos os resultados do primeiro trimestre. A empresa registrou lucro de US$ 81 milhões, o primeiro relativo ao período desde 2000. Nos mesmos três meses do ano anterior, a aérea havia tido prejuízo de US$ 92 milhões.

A recuperação foi impulsionada principalmente pelo aumento no transporte de passageiros em vôos internacionais. A estratégia da empresa é fortalecer o mercado internacional para se defender da concorrência das aéreas de baixas tarifas. A receita da American subiu 1,6%, para US$ 5,43 bilhões, contra os US$ 5,34 bilhões anteriores.

"Embora tenhamos de continuar a melhorar nosso desempenho financeiro, acreditamos que nossos resultados mostram que iniciamos 2007 no caminho certo", disse Gerard Arpey, principal executivo da empresa, em comunicado.