Título: Candidatos querem renegociar dívida do RS
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 19/10/2006, Política, p. A6

Ao mesmo tempo em que reconhecem a necessidade de reduzir custos para enfrentar a crise das finanças públicas, os candidatos ao governo gaúcho, Yeda Crusius (PSDB) e Olívio Dutra (PT), admitiram ontem reduzir as alíquotas de ICMS para alguns setores. Em debate na Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), eles também disseram que pretendem renegociar a dívida do Estado com a União para liberar mais recursos para investimentos.

Diante de uma platéia francamente favorável à candidata tucana, Olívio tomou a iniciativa de sugerir a redução da carga tributária para "setores estratégicos" como o metal-mecânico e os que empregam mais mão-de-obra. Ele disse ainda que pretende zerar o ICMS sobre produtos básicos, mas não explicou como compensaria a perda de receita. Durante a campanha, o petista fez menções genéricas sobre o assunto, citando que produtos como "caviar" e "barcos de passeio" poderiam pagar mais impostos.

Amparada pelas pesquisas que até agora lhe dão dois terços da preferência dos eleitores gaúchos, Yeda afirmou que agirá com "responsabilidade fiscal" e adotará mecanismos de "gestão moderna", com transparência, metas e indicadores para avaliação de desempenho do setor público. Mesmo assim, disse que poderá utilizar incentivos fiscais para compensar os efeitos do câmbio sobre as exportações de produtos de maior valor agregado.

Depois, em entrevista, a tucana comentou que uma redução mais ampla de impostos teria de ser negociada em câmaras setoriais, mediante o compromisso das entidades empresariais de ajudar a reduzir a informalidade da economia. Sem isso, seria "irresponsabilidade" cortar alíquotas com o caixa "combalido", disse. Ela garantiu, ainda, que como governadora buscará imediatamente a renegociação da dívida com a União, que neste ano deverá consumir R$ 1,75 bilhão, ou duas vezes e meia o volume de investimentos previsto pelo governo atual no período.

"A negociação começa pela troca do indexador", comentou. Alguns Estados já pediram substituição do IGP-DI pelo IPCA para reduzir o estoque do endividamento, mas até agora a idéia não prosperou. Yeda afirmou que não teme retaliações do governo federal caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja reeleito, como indicam as pesquisas. "Se ele quiser governar com vendeta, não governa".

Olívio prometeu renegociar e alongar a dívida para economizar R$ 600 milhões por ano, que seriam direcionados para investimentos. Ele disse que pretende "convocar" os governadores de outros Estados para participar da renegociação "sem ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal".