Título: Bancos devem ampliar prefixado
Autor: Bautzer, Tatiana
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2006, Finanças, p. C4

O Itaú reduzirá imediatamente os juros de seu crédito imobiliário prefixado para pessoa física dos atuais 18,42% para menos de 14,3%, novo teto de juros, disse ontem o diretor de crédito imobiliário. "Estamos esperando só testar os prazos de swap entre poupança e pré-fixado, para anunciar a nova taxa assim que sair a norma", afirmou Luiz Antônio Rodrigues. A permissão de contabilizar financiamento prefixado como exigibilidade da poupança deve expandir o produto no mercado. Hoje poucos bancos operam a linha. O HSBC por enquanto não vai mexer no seu prefixado, com taxa já inferior ao teto, de 12,7% (o mutuário só paga TR se estiver em atraso). Mas o diretor Roberto Sampaio diz que o banco estudará as medidas para lançar uma linha prefixada pura. "Para realmente competir no mercado, acho que a taxa tem que ficar abaixo de 12%", diz o executivo, indicando a intenção dos bancos estrangeiros de agressividade no crédito imobiliário. O HSBC tem uma carteira de R$ 500 milhões, que começou a formar há dois anos, e espera dobrá-la até o fim do ano que vem. Outros bancos que operam prefixado, como Bradesco, Santander e Real ABN Amro, também devem baixar as taxas de suas linhas para 14,3% se quiserem enquadrá-las na exigibilidade da poupança.

A versão final do pacote imobiliário atendeu à reivindicação dos bancos nacionais, que queriam um teto de juros equivalente à atual TR mais 12% - os 14,3% que foram anunciados.

As medidas foram elogiadas pelos bancos, inclusive a criação do crédito consignado para imóveis. "Isso permitirá maior agressividade na concessão de crédito, com elevação do percentual financiado, por exemplo", afirma Sampaio, do HSBC. Rodrigues, do Itaú, acredita que no caso dos funcionários públicos, que têm empregos estáveis, haverá grande concorrência para empréstimos imobiliários em consignação. O crédito terá garantia dupla - a do imóvel e a do desconto em folha do funcionário.

O lançamento do consignado imobiliário ainda deve demorar um pouco para adaptação de sistemas dos bancos, segundo o diretor do Itaú. Os bancos terão que criar sistemas que consignem prestações variáveis (no caso dos clientes que prefiram o crédito indexado à TR). Financiamentos prefixados poderão ser descontados em folha mais rapidamente porque não há mudança mensal de valor.

Além do Itaú, a Caixa Econômica Federal (CEF) informou logo após o anúncio do governo que aumentará empréstimos para construtoras. Hoje, dará uma entrevista anunciando mudanças no crédito a pessoas físicas. O banco elevou o limite de financiamento a construtoras de 50% para 85% do custo da obra.

Uma das medidas que mais surpreendeu foi a permissão de repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a juros de apenas 8,5% ao ano, para construção de imóveis residenciais por grupos de funcionários com intermediação das empresas onde trabalham. "Essa medida atende a algumas empresas que ainda constroem conjuntos habitacionais para os funcionários, principalmente no interior do país", diz o diretor da Brazilian Mortgages, Fábio Nogueira. O diretor de crédito imobiliário do Itaú, Luiz Antônio Rodrigues, diz que o repasse é demanda das construtoras, que acreditam na boa demanda pelo produto, mas os bancos não têm encontrado empresas interessadas em tomar crédito de longo prazo em seus balanços para financiar os funcionários.