Título: BB lucra R$ 3,88 bi no semestre
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2006, Finanças, p. C1

O Banco do Brasil anunciou ontem um lucro líquido de R$ 3,888 bilhões no primeiro semestre, que representa um aumento de 96,5% em relação ao mesmo período de 2005. O resultado é expressivo também quando confrontado com o patrimônio líquido médio anualizado, equivalendo a um retorno de 47,8%. Mas os números não foram recebidos exatamente como boa notícia por analistas do setor e pelos investidores - as ações ON do BB sofreram desvalorização de 4,76% na Bovespa.

O destaque negativo é que o resultado se apoiou muito em receitas extraordinárias - e que o resultado recorrente do banco é muito menos expressivo. Observadores econômicos também notaram que o resultado do segundo trimestre, que se constitui a principal novidade nos números, não é tão robusto.

Do lucro, em termos líquidos, apenas R$ 2,9 bilhões se referem ao resultado recorrente. Um dos fatores positivos foi a mudança nos critérios, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de uso de crédito tributário, que permitiu que esse tipo de ativo figurasse no balanço por dez anos, em vez de cinco - o efeito foi um aumento de R$ 1,5 bilhão no lucro. Outro fator positivo foi um acordo entre o banco e a Previ sobre como usar o excesso de recursos do fundo de pensão o qual proporcionou receita de R$ 880 milhões. Um fator extraordinário negativo foi a provisão de R$ 1,4 bilhão para cobrir perdas com o crédito agrícola.

O resultado do semestre se concentra sobretudo nos três primeiros meses do ano. No segundo trimestre, o lucro líquido se resumiu a R$ 1,546 bilhão. Boa parte se deve a fatores extraordinários. De um lado, houve receita de R$ 880 milhões do acordo com a Previ e, de outro, despesa de R$ 500 milhões de provisões para agricultura. O resultado recorrente seria, portanto, da ordem de R$ 1,2 bilhão no trimestre. No segundo trimestre de 2005, foi de R$ 1,014 bilhão.

O presidente do BB, Rossano Maranhão, destacou números positivos que, segundo ele, mostram que o banco possui boas perspectivas de lucro nos próximos trimestres. A inadimplência do BB caiu nos últimos 12 meses, enquanto no sistema financeiro como um todo subiu. O banco também melhorou seu índice de cobertura, que mostra que as receitas de prestação de serviço hoje cobrem 112,2% das despesas com pessoal, acima dos 100,1% alcançados no segundo semestre de 2005.

Outro ponto favorável, segundo Maranhão, é a forte expansão da carteira de crédito para pessoa física com recursos livres no semestre, de 22,4%, superior ao avanço do mercado bancário (12,3% no período). Maranhão minimizou a queda das ações. "É um movimento normal de realização de lucros, que sempre ocorre nos resultados", disse.

A carteira total de crédito chegou a R$ 113,103 bilhões em junho, uma expansão de 11,1% em relação a dezembro. Dentro das pessoas fisicas, o segmento que mais cresceu foi o de crédito consignado, com um avanço de 58,5%, para R$ 6,040 bilhões.

O crédito a pessoas jurídicas cresceu com menor vigor (8,2%, para R$ 41,658 bilhões) e, no caso das micro e pequenas empresas, se expandiu 9,2%. A carteira do agronegócio cresceu 11,8%, para R$ 39,914 bilhões. O Tesouro, principal acionista do banco, irá receber, dia 28, R$ 1,1 bilhão como distribuição de resultados.