Título: Ao lado de Dilma, Lula participa de despedida de Haddad
Autor: Exman,Fernando
Fonte: Valor Econômico, 25/01/2012, Política, p. A6

Em uma cerimônia que contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e elogios à sua gestão no Ministério da Educação, o ex-ministro Fernando Haddad deixou ontem a Pasta para dedicar-se totalmente à eleição para prefeito de São Paulo.

Haddad passou o comando da Pasta para o também petista Aloizio Mercadante, que saiu do Ministério da Ciência e Tecnologia para dar lugar a Marco Antônio Raupp. Foi o terceiro evento público organizado nos últimos dias pelo Palácio do Planalto em que Haddad apresentou-se como um dos principais protagonistas ao lado da presidente Dilma Rousseff. Um dos trunfos do ex-ministro na campanha será justamente dizer ao eleitorado que é o único capaz de promover uma parceria plena entre a administração paulistana e o governo federal.

"Penso que é uma oportunidade de me valer de um momento que o país está vivendo de grande potencial econômico e social e promover um alinhamento, como mobilidade e transporte público, que pode ser inserido no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. Na educação, são vários os programas que podemos levar para São Paulo e também na área da saúde", declarou Haddad, depois da solenidade.

A participação do ex-presidente Lula na cerimônia, que poderia ser esvaziada pelo recesso parlamentar, garantiu um grande quorum. Lula foi aplaudido pelos presentes quando entrou acompanhado da presidente Dilma Rousseff e fez com que Haddad e Mercadante se emocionassem, mas não discursou. Ele foi recebido com honras por Dilma, ministros e demais autoridades na garagem do Palácio do Planalto. A última vez em que Lula esteve no Planalto foi para o velório do ex-vice-presidente José Alencar.

A pressão de Lula foi fundamental para que o PT paulistano não realizasse prévias e aceitasse lançar Haddad na disputa. Agora, o partido cobra a presença do ex-presidente e de Dilma na campanha pela Prefeitura de São Paulo, maior município do país e um dos principais redutos do PSDB. A demanda poderá provocar atritos entre o PT e os partidos aliados, que não querem que Lula e Dilma participem da campanha nos locais em que a base governista estiver dividida.

Diversos parlamentares e líderes do PT paulista foram à cerimônia, como os deputados federais e ex-pré-candidatos a prefeito de São Paulo Carlos Zarattini e Jilmar Tatto. Também esteve presente o presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva. A ausência da senadora Marta Suplicy, porém, não passou despercebida. Ela foi levada a desistir da disputa e é vista no PT como importante cabo eleitoral.

Agora fora do ministério, Haddad definirá as prioridades de sua campanha. No sábado, deve convidar representantes dos partidos aliados para integrar os grupos temáticos que debaterão propostas nas áreas de saúde, educação e transporte público. "É reinstalar o conselho político no sábado e intensificar a discussão com os partidos da base aliada, sobretudo PR, PCdoB, PDT e PSB", comentou Haddad, acrescentando que também negociará uma eventual aliança com o PSD do prefeito Gilberto Kassab.

O ex-ministro disse ainda ser cedo para definir quem ocupará a vaga de vice em sua chapa. Seus aliados reforçam: neste momento, a prioridade dele é conhecer melhor os problemas do município, fazer pontes com setores fora do PT e circular pelos mais diversos bairros de São Paulo.

"O próximo passo é organizar uma agenda de visitas e abrir diálogo com vários setores", comentou Zarattini. "Vamos ter que ampliar o conhecimento dele sobre a cidade e das pessoas sobre ele".

A última participação de Haddad como autoridade do governo Dilma Rousseff também serviu para a presidente e Mercadante defenderem o legado deixado pelo petista no Ministério da Educação, numa estratégia de antecipar a resposta a eventuais críticas a falhas no Exame Nacional do Ensino Médio ou outros programas da Pasta. "Fico feliz por ele [Haddad] e, ao mesmo tempo, fico infeliz, porque se trata de um excepcional gestor público, de um grande educador e, além disso, de um amigo querido", discursou Dilma.